21 maio 2011

Revolução Espanhola em Curso

Depois das revoluções africanas e árabes e das grandes greves gerais da Europa, agora é a vez da juventude espanhola, às vésperas das eleições gerais.

O que a imprensa quer chamar de "revoluções contra as ditaduras" (no caso da África e Oriente Médio), também estão fortes no centro da tal "democracia" (Europa), mas com teor anti-capitalista.
Novos ares, nova esperança para a humanidade.

"Juventud sin futuro". Este é o nome do movimento mais organizado convocando os acampamentos e falando em nome da revolução espanhola:
http://www.juventudsinfuturo.net/

Aqui ótimas fotos sobre a revolução. Muito interessante ler os cartazes!
http://www.elpais.com/fotogaleria/Protesta/Movimiento/elpgal/20110517elpepunac_3/Zes/1

E tambem uma reportagem do El Pais (traduzido pela UOL) com compilação d as reivindicações. Veja que essa lista (em negrito, lá embaixo), não foi compilada por nenhum comunista, mas pelo El Pais!

21/05/2011 -

 

Manifestantes espanhóis começam a organizar suas reivindicações

El País

Patricia Ortega Dolz e Inés Santaeulalia
Em Madri (Espanha)



    "Revolução espanhola" toma praças para pedir renovação política e econômica

A poucos metros do Congresso dos Deputados surgiu outro parlamento. Outra democracia nasce do zero no quilômetro zero e transformou a Porta do Sol em uma grande ágora. Em vez de bancadas de deputados há metros quadrados de solo; no lugar de presidente do Congresso há um moderador que estudou ciências clássicas e que na atualidade diz se dedicar à interpretação.

No lugar da mesa do Congresso há um rapaz que toma nota do que é dito e faz um resumo de cada tema antes de passar ao seguinte. Não há uma ordem do dia, mas uma folha com 24 pontos abertos a contribuições e propostas que se sucedem, bastando levantar o braço, e que são aprovadas agitando as mãos, como na linguagem dos surdos-mudos.

Existem comissões por áreas (comunicação, assembleia, infraestruturas, alimentação...), mas não em gabinetes e sim sob tendas de campanha, lonas ou sob a intempérie. Há inclusive "igrejinhas", que não estão nos corredores, mas em plena rua, em qualquer esquina. Acalorados e apaixonados enfrentamentos dialéticos surgem como setas na nova ágora da Porta do Sol. Aguçando os ouvidos, qualquer um pode se inteirar dos temas mais candentes da atualidade. Os cidadãos falam.

"Consideramos injustas a Lei de Estrangeiros, o Plano Bolonha, a Lei Sinde, a Lei Eleitoral e a de Igualdade de Gêneros", soa por um megafone que passa de mão em mão na assembleia. "É preciso acabar com o apoio estatal à Igreja", defende uma mulher de meia idade. "Os resgates devem ser dirigidos às famílias despejadas, e não aos bancos", proclama um jovem. Uma avalanche de propostas de hora e meia. "Estamos buscando um consenso mínimo que nos esclareça o que estamos defendendo", aponta o moderador.

Como em "A Autoestrada do Sul", de Cortázar, um fato extraordinário criou uma nova realidade com uma dinâmica própria. A manifestação que em 15 de maio passado reuniu milhares de pessoas indignadas com a situação sociopolítica e econômica da Espanha e o posterior acampamento no centro nevrálgico da capital, deram lugar a um micromundo que se faz e gira ao mesmo tempo, no sentido contrário ao que vinha sendo cotidiano.

A primeira coisa foi organizar-se e garantir as necessidades básicas. A segunda, agora e já, é articular um discurso que lhes permita explicar à sociedade uma queixa global e generalizada contra as carências do sistema democrático imperante. Trata-se de perfilar um protesto que foi capaz de aglutinar o amplo e heterogêneo número de pessoas que formam este movimento espontâneo. Um movimento que, além dos presentes a cada dia na Porta do Sol, congrega todo um espírito coletivo de desencanto e cansaço que vem assolando uma parte da população. O movimento 15-M se infla e desinfla, sobe e desce em função das horas do dia. Há três assembleias em cada jornada e uma concentração.

Em plena reta final da campanha eleitoral, essas pessoas vindas de todas as partes de Madri e de cidades vizinhas guardam um ás na manga. É verdade que nem elas mesmas sabem ainda qual será a jogada. Nem se jogarão espadas ou paus, mas a guardam como ouro e poderiam colocá-la sobre a mesa a qualquer momento: "O que faremos no domingo diante das urnas?" A pergunta foi lançada entre eles mesmos, mas ninguém dava uma resposta. Por enquanto, o que foi votado maciçamente no sentido favorável é a manifestação de sábado (dia da reflexão), que ontem à noite foi proibida pela Junta Eleitoral Central. Na assembleia de hoje se definirá como, quando e onde.

Todo o trabalho e as reuniões de ontem se concentraram, portanto, em criar o germe desse manifesto de mínimos. Primeiro, os temas chaves que os preocupam, depois as propostas e depois as votações. O resultado desse processo será uma espécie de programa geral que substituirá o manifesto original, que simplesmente identificava o movimento, e que tentará responder à grande pergunta dos últimos quatro dias: os indignados não querem as coisas como estão, mas o que querem?

Nas assembleias de ontem deram seu apoio a uma série de propostas que, somadas às que foram depositadas nas caixas de sugestões que tem cada comissão, formarão a base sobre a qual, depois de submetida à votação, se tentará elaborar o perseguido manifesto de mínimos. Aqui estão algumas dessas reivindicações concretas:

- Abolição de leis injustas. Suprimir e substituir normas como a Lei Sinde, o Plano Bolonha, a Lei de Estrangeiros, a Lei de Partidos ou a Lei Eleitoral. E apoiam que as leis chaves que as Cortes aprovarem sejam precedidas de um referendo.

- A Terceira República. Alguns querem um referendo para votar monarquia ou república, outros apostam diretamente em fazer desaparecer da Constituição tudo o que tenha a ver com a casa real.

- Reformas fiscais. Defendem "favorecer as rendas mais baixas", para que "os que têm mais paguem mais" e que "o IVA seja um imposto progressivo". Além disso, entre muitas outras coisas, querem que "se estabeleça a taxa Tobin para agravar a especulação e o movimento de capitais e que o obtido por esses impostos seja revertido em políticas sociais". Defende-se também "nacionalizar os bancos socorridos".

- Transporte e mobilidade. Favorecer o transporte público e alternativo ao carro, criar uma rede de ciclovias, subvencionar o abono transporte aos desempregados.

- Reforma das condições trabalhistas da classe política. Defende-se a supressão de salários vitalícios, a formação regrada, a revisão e balanço das políticas ao concluir cada mandato, listas eleitorais limpas e livres de acusados de corrupção política.

- Desvinculação total da Igreja do Estado e divisão de poderes. A religião deve ser circunscrita à intimidade, e os clérigos devem ficar longe da política.

- Democracia participativa e direta. Apostam em um funcionamento da assembleia em base cidadã (bairros, distritos...) apoiado na Internet e nas novas tecnologias. Pedem também participação nos assuntos relativos à gestão dos orçamentos pelas diversas administrações. Em geral, descentralização do poder político.

- Melhora e regularização das relações trabalhistas. Basicamente, trata-se de acabar com a precariedade salarial e o "abuso" dos subvencionados, estabelecendo um salário mínimo de 1.200 euros, com um Estado que garanta o emprego e a igualdade salarial.

- Ecologia e meio ambiente. O fechamento imediato das centrais nucleares e apoio às economias sustentáveis.

- Recuperação das empresas públicas privatizadas. O governo deve se encarregar novamente da gestão.

- Força do Estado. Redução do gasto militar, fechamento das fábricas de armas e negativa à intervenção em qualquer cenário de guerra.

- Recuperação da memória histórica. Condenação do franquismo.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves





Em 21/05/2011 08:32, Raquel Guzzo escreveu:


Que orgulho da juventude espanhola. E a melhor notícia é que a rebelião dos jovens, desempregados, aposentados e demais trabalhadores empolga o mundo. Direto da praça da Porta do Sol, em Madrid

La mecha de Sol prende de Valencia a Tokio

Las ocupaciones, manifestaciones y caceroladas se extienden por toda España y los cinco continentes

PÚBLICO Madrid 21/05/2011 01:40 Actualizado: 21/05/2011 10:17

24 Comentarios


'Salvar a la banca'Los acampados en la Plaza Mayor de Gijón  hicieron ayer una colecta simbólica para 'salvar a los bancos', a los  que identifican como culpables de la crisis.

"Salvar a la banca"Los acampados en la Plaza Mayor de Gijón hicieron ayer una colecta simbólica para "salvar a los bancos", a los que identifican como culpables de la crisis.E. ALONSO

Cinco días después de que centenares de indignados acamparan en el kilómetro cero de la carreteras españolas, en la madrileña Puerta del Sol, sus protestas siguen expandiéndose por todo el país. Ya son 163, según los convocantes, las localidades españolas en las que se han levantado o se van a levantar campamentos y decenas de miles las personas que expresan su "hartazgo" ante la crisis económica y el sistema político. Pero el 15-M se advierte ya como un movimiento que traspasa fronteras. Y los residentes en el exterior, esencialmente estudiantes Erasmus, se han convertido en sus principales embajadores.

PAÍS VALENCIÁ

Ocupaciones pacíficas

En Valencia, el centro de las protestas se ha instalado en la acampada de la Plaza del Ayuntamiento, rebautizada por los indignados como "Plaça del quinze de maig". Ayer por la mañana, unas doscientas personas lograron entrar a la sede central del Banco de Valencia, donde protagonizaron una sentada. Intentaron acceder también a las oficinas del Santander y del BBVA, pero las puertas estaban cerradas. En ningún caso se registraron incidentes. "Se ha insistido en que todo sea pacífico, pero si nos echan volveremos", comentaba Laïla Lakkis, de la comisión de comunicación de la acampada. Durante la tarde, un millar depersonas participaron en diversas actividades.

CATALUNYA

El ágora de Barcelona

Tahir, Islandia y Palestina. Con estos nombres han sido bautizados los tres espacios en que se ha subdividido la Plaza de Catalunya, que ayer volvió a ser el ágora de Barcelona. Centenares de personas se agolparon alrededor del economista Arcadi Oliveres, presidente de Justícia i Pau, que impartió una ponencia sobre las consecuencias de la crisis. Según los organizadores, se mantienen las acampadas de Tarragona, Lleida y Girona.

ANDALUCÍA

4.000 en Sevilla

Miles de andaluces tomaron ayer las plazas y calles para expresar su indignación ante la falta de respuesta política, económica y sindical a una crisis económica que ha frustrado sus expectativas laborales. A lo largo y ancho de la comunidad se escucharon los ya clásicos lemas "lo llaman democracia, pero no lo es" y "lo llaman botellón, es la revolución". Las concentraciones más multitudinarias tuvieron lugar en Sevilla, con más de 4.000 personas, Granada y Málaga.

EUSKADI

De Arriaga al Bulevar

Cerca de un centenar de jóvenes permanecían ayer concentrados en la plaza Arriaga de Bilbao con la intención de mantener la protesta hoy y el domingo, pese a la prohibición de la Junta Electoral Central. Vendetta Bilbao llamó a la ciudadanía a salir a la calle hoy para "desafiar la pasividad" con "banderas, carteles, pegatinas o instrumentos". En San Sebastián, la acampada es en el kiosco del bulevar.

GALICIA

Miles en el Obradoiro

Los miles de jóvenes acampados en la compostelana Praza do Obradoiro señalaron que no celebrarán "ningún tipo de manifestación en apoyo a ningún partido" durante la jornada de reflexión. Los indignados concentrados en las principales ciudades gallegas han acordado permanecer en sus lugares de protesta, al menos, hasta el domingo.

ARAGÓN

Cacerolada

Los miembros de la acampada de Zaragoza organizaron una cacerolada en la media noche de ayer, cuando comenzó la prohibición de la Junta Electoral Central. Durante la tarde, habían organizado una asamblea y otras actividades como un concierto y talleres de desobediencia civil y resistencia activa. El jueves hubo concentraciones en Jaca y Huesca y, ayer, en Teruel.

EUROPA

Bruselas, protagonista

En Bruselas, alrededor de 500 personas se reunieron frente a la embajada de España. La prensa belga ha seguido la evolución de las concentraciones y destaca tanto su base horizontal y falta de padrinazgo político como la influencia de otras protestas recientes. "La bandera egipcia ha eclipsado la estatua ecuestre del rey Carlos III", aseguró el diario Le Soir en su edición del jueves. Según su análisis, "el viento nuevo venido de Oriente sopla en España" de la mano de los jóvenes.

En Italia, a los indignados españoles les salió una nueva denominación ayer en los medios de ese país: los grillini, en referencia a los miembros del Movimiento Cinco Estrellas organizado por el cómico Beppe Grillo y que, a través de listas ciudadanas y una gran red entorno a internet, cosechó muy buenos resultados en las elecciones municipales que se celebraron en Italia la semana pasada. Lo que si acaparó portadas en las ediciones digitales fueron las manifestaciones de la #italianrevolution que celebraron estudiantes Erasmus españoles e italianos en 16 ciudades por todo el país.

En Berlín el movimiento15-M toma cada vez más fuerza. Los mismos varios centenares de personas que se congregaron el jueves al mediodía frente a la embajada española, volvieron a despegar ayer sus pancartas en el centro de la capital. La finalidad: decidir en asamblea los detalles para la manifestación convocada para la jornada de reflexión en la emblemática Puerta de Brandeburgo.

En Portugal, jóvenes españoles y portugueses pasaron la noche del jueves en las inmediaciones de la Embajada y consulado de España, en Lisboa. Toda la prensa lusa destaca las manifestaciones en España, haciendo especial hincapié en que estas se han inspirado en el movimiento Geração à Rasca de Portugal, inicialmente formado por jóvenes con futuro profesional incierto, pero al que se han unido personas de todas las edades.

Además, en otras capitales europeas como París, Ámsterdam, Budapest, Praga, Varsovia o Viena también se organizaron concentraciones antes las embajadas de España o en lugares emblemáticos de esas ciudades.

AMÉRICA LATINA

De México a Buenos Aires

Alrededor de cien españoles se concentraron el jueves en la Plaza de Mayo de Buenos Aires para apoyar el movimiento de los indignados. Para ayer estaba prevista otra manifestación, pero esta vez frente a la embajada española. Los medios argentinos siguen cada vez con más atención las protestas en España y son frecuentes las comparaciones con las movilizaciones de 2001en Argentina.

Los españoles residentes en México también se sumaron a la indignación de sus compatriotas con una acampada hoy de seis horas delante de la embajada de España. Además, denuncian el "robo" de su voto por la mala gestión de los sufragios por correo, que ha dejado a centenares de españoles sin poder votar mañana.

En Bogotá, varios centenares de personas se congregaron ante la Embajada de España en esa ciudad, en su mayoría miembros de las numerosas ONG que trabajan en Colombia y personal de instituciones como la cooperación española. Los manifestantes lucían pegatinas con el eslogan "precarios del mundo a las embajadas".

RESTO DEL MUNDO

Tres nuevos continentes

Aunque menos numerosas, también se convocaron concentraciones ayer en Marruecos e Israel. A Tokio y Sidney, la solidaridad llegará hoy.

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