30 junho 2008

Golpe contra a TV Comunitária do Rio e a democracia

Fonte: Surgente - Sindipetro-RJ, com apoio da Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br)

Um grupo tomou de assalto a TV Comunitária do Rio de Janeiro. A direção eleita, formada por 26 entidades, entre elas,  Aepet, CUT-RJ, Sindisprev, Andes-SN, Tortura Nunca Mais, Faferj (Federação das Associações de Favelas do Estado do Rio de Janeiro), Clube de Engenharia, Sindicato dos Economistas, com apoio do Sindipetro-RJ, aguardam a justiça para assumir a gestão da entidade. Mesmo com a unanimidade dos votos em processo legítimo, um grupo realizou uma reunião paralela e a registrou em cartório. De posse do documento, ocuparam a sede da TVC, com a garantia de seguranças.

Em nota pública, a direção eleita  afirma:  "estamos lutando  contra essa prática que afronta a democracia e a pluralidade de idéias que sempre caracterizaram a nossa tv comunitária. A tv é das entidades e das comunidades e não pode ser apenas uma estrutura a serviço de partidos ou grupos.  A eleição foi acompanhada por um representante da OAB-RJ, o advogado Mário N. Leopoldo, que a descreveu em relatório à entidade: "A Assembléia Geral da Associação de Entidades Canal Comunitário de TV's (TV Comunitária, canal 06 da Net), no auditório da SEAERJ, tira-me um bom exemplo de exercício da cidadania. A Comissão Eleitoral demonstrou qualidade em organização e legalidade apresentando-me um dossiê com o passo-a-passo da realização do pleito com editais publicados, convocações pertinentes, listagem de aptos e inaptos ao exercício do voto, coleta de assinaturas etc. Reinou a democracia concedendo-se aos eleitores a
possibilidade e oportunidade de apresentação de outras chapas concorrente, se fosse a hipótese, o que não ocorreu. E, na falta de impedimentos, a chapa foi eleita por aclamação, tudo em clima de tranqüilidade, serenidade e aplausos aos eleitos, que na forma do regulamento foram empossados em ato contínuo".

Enquanto isso, na TVC, o outro grupo invadia a sede para realizar uma reunião. Um chaveiro foi chamado para abrir a porta. Neste dia, o canal estava fechado. Não aconteceu expediente normal na TVC porque os funcionários formalizaram pedido para não trabalharem alegando assédio de diretores insatisfeitos com a decisão da maioria da direção colegiada. A PM foi chamada e acompanhou a eleição.

FILIAÇÕES  ÀS VÉSPERAS DA ELEIÇÃO - No início do ano, a TVC Rio começou  a receber uma avalanche de pedidos de filiação. Reuniões da direção colegiada passaram a ter apenas as filiações como ponto de pauta, deixando de decidir pontos fundamentais para o dia-a-dia do canal. Até que a direção colegiada deliberou analisar os inúmeros pedidos  - que ainda continuavam a chegar  - após a realização da assembléia eleitoral.

ASSEMBLÉIA DA COMISSÃO ELEITORAL - Durante a realização da assembléia da comissão eleitoral na Seaerj, um grupo ficou na porta tentando barrar as entidades para que elas não entrassem. Mas  os representantes de filiadas entraram no auditório. A assembléia transcorreu normalmente apesar da tentativa de tumulto provocada pelo grupo. O então tesoureiro da TVC e o presidente dos Sindicatos de Policiais Civis e dos Vigilantes do Rio adentraram o recinto, aos gritos. Mas a esta altura a reunião estava sendo concluída. Eles voltaram e realizaram uma reunião no estacionamento, escolhendo como comissão eleitoral paralela um grupo de três advogados, estranhos à TVC.

CONVOCAÇÃO PARALELA -Ignorando o fato de não ter legitimidade, ter menos entidades, mas afirmando o tempo todo o contrário, o grupo se auto-intitulou representante da "verdadeira assembléia". E registrou em cartório o nome dos advogados como comissão eleitoral. Depois, o tesoureiro mandou publicar edital convocando uma eleição paralela. Entramos com uma representação e o juiz decidiu que o tesoureiro da entidade não poderia convocar uma eleição, mas não a suspendeu com o entendimento de que todo cidadão tem direito a realizar uma reunião. O cheque para pagamento deste edital, entre outras despesas, foi assinado pelo tesoureiro da TVC e pela diretora administrativa, sem a aprovação da direção da entidade. As folhas de cheque foram retiradas da sede da entidade e diante do questionamento do fato em reunião do colegiado da TVC, a então diretora administrativa se limitou a dizer que era honesta e não precisava nos dar
satisfações.

A falta de relatórios financeiros foi uma constante ao longo dos dois anos da gestão, como comprovam as inúmeras atas de reuniões, que registraram cobranças e reclamações de diretores sobre a falta de informações financeiras. Deliberações sobre o assunto também não foram encaminhadas.

APÓS A ELEIÇÃO - No dia 12 de maio, a PM foi chamada novamente. Desta vez, a pedido do representante da ONG ABCI (composta por 3 pessoas, ex-diretores da TVC), que se auto-intitulava coordenador da TVC Rio. Ele pediu ao coordenador eleito que se retirasse imediatamente da emissora porque agora ele estava "assumindo" a TVC. Como não teve o "pedido" atendido, ligou para a PM. Os policiais chegaram a pedir a Edvaldo que se retirasse, mas depois de ver a documentação regular da eleição, disseram que, então, não poderiam resolver.

Enviado por www.apn.org.br


É permitida (e recomendável) a reprodução desta matéria, desde que citada a fonte.

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28 junho 2008

Vídeo da Vígilia e da Greve de Fome realizada em Málaga

 
Vídeo da Vígilia e da Greve de Fome realizada em Málaga pela
equipe de Ação Direta Não-violenta, para combater 
a Instalação do Escudo Espacial dos EUA na Europa.
Europa.

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27 junho 2008

Fotos da Pedalada Pelada de SP

Declaração dos participantes da I Pedalada Pelada de São Paulo

A I Pedalada Pelada de São Paulo, ou World Naked Bike Ride (WNBR), ocorreu no dia 14 de junho de 2008. Esta foi a primeira edição do evento realizada no Brasil, nos mesmos moldes das ações que acontecem em diversas cidades do mundo com o apoio da população em geral e do poder público.

Leia: Declaração dos participantes | Convite | Zaragoza: capital mundial do ciclonudismo

VEJA AS FOTOS -  I | II

Créditos

Foto do editorial: Luna Rosa.

Texto: World Naked Bike Ride São Paulo 2008.

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Solidariedade ao MST do RS

Ação do Ministério Público gaúcho
contra o Movimento dos Sem Terra é política

Para o jurista Dalmo Dallari, tentativa do Ministério Público de dissolver o MST não tem consistência jurídica; "É surpreendente que o Conselho Superior do MP tenha aprovado uma proposta dessas", diz o jurista
-> Documentos revelam que o Ministério Público gaúcho atua para dissolver o Movimento dos Sem Terra (MST)
> Veja a ata da reunião do Conselho Superior de Estado (arquivo PDF)
 

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Inscrições abertas para o Fórum Humanista Europeu

Em 10 de junho abrimos inscrições para o Fórum Humanista Europeu  "O Poder da Não Violência", que terá lugar em Milão (Itália) 17, 18 e 19 de outubro de 2008.

Nós convidamos todos para se inscreverem o mais rapidamente possível na web http://www.humanistforum.eu e para escolher o grupo de trabalho no qual se deseja participar das discussões, intercâmbios  e debates.

Nós estamos chamando a todos os coordenadores do movimento para enfatizar a necessidade de divulgar as inscrições.

Em breve enviará o boletim informativo do Fórum, para fazermos a divulgação. 

Equipe organizadora
Fórum Humanista Europeu
"Força da Não Violência"

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Vídeo de uma Ação Direta realizada na Argentina

 
Vídeo de uma Ação Direta realizada na Argentina

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Conversa com SILO sobre a Marcha Mundial pela Paz

Conversa informal com Silo, Rafa de la Rubia e amigos sobre a Marcha Mundial pela Paz e a Não Violência (MM)


Santiago, 23 de junho de 2008. -

Assistentes: Negro, Rafa de la Rubia., Pia Figueroa., Karen Rohn, Pepe Feres., Tomy Hirsch, Julian Burgos., Dario Ergas., Robby Blueh., Pancho Granella.
(Nota: Apontamentos de Pancho G., não foram revisados por Silo)
____________________________________________________________
O bate-papo se iniciou comentando a permanência de Rafa de la Rubia em Mundo sem Guerras (MSG). Esta foi constituída por ele como organização sem fins de lucro o ano 1994 e efetuou um sem fim de atividades desde esse momento. Por conseguinte não podemos dizer que é uma casualidade que agora apareça a MM meramente como uma atividade conjuntural. É graças aos elementos compositivos que se constitui o processual e não é por contar com ações isoladas que podemos assegurar um processo.
Em referência ao tema da convocação da MM se vê necessário explicitar os diferentes tipos de violência. Não só a violência física (da qual o estado agora aparece como tendo o monopólio, em uma espécie de silogismo barato), mas também a econômica, a racial, a religiosa, a psicológica e a sexual. O lema da convocação é em positivo, não é contra da violência, é em favor da paz e da não violência.

Neste momento a MM vem como anel ao dedo, o anel tão separado que estava do dedo, pois agora é o momento adequado de junta-los.

Um aspecto importante a considerar é como será gerada a MM. Isto é o que sentará a condição de origem que depois, uma vez em marcha, será muito difícil de modificar. É uma marcha qualitativamente muito superior. Não se refere só ao tema nuclear que aparentemente é mais próximo para Europa, tudo depende de como você explique.
Uma marcha como esta é perfeita para Punta de Vacas. Encontrávamos-nos atados de mãos em relação ao terreno de baixo, isto já não é mais um impedimento. Agora se sair o terreno muito bem e não sair também estará bem. Não nos freia, já que a marcha será em P de V um só dia de Janeiro de 2010. Era muito desproporcionada a situação de depender deste terreno para nossas coisas.

Um ponto muito importante é que a MM a inicia MSG, não o MH ou outro organismo. Já a Mensagem aderiu e assim a gente ira aderindo. Então você não precisa esperar nada mais e quem não subir perde o trem. Também aparecerá muita gente dizendo: se deveria fazer tal coisa, então lhe diremos, pois muito bem, faça-a! E haverá que prescindir dos meios de difusão nisto, se pudermos contar com difusão deles bem, mas igual a fazemos, como já é história nossa, como temos feito sempre, prescindindo dos meios de difusão.

Contamos com quase um ano e meio para a marcha, para organizá-la, está muito bem este tempo prévio que dispomos. E já há uma onda circulando com muita força com este tema. Haverá então que perfilar e fixar alguns pontos mínimos.
Também se poderá dizer que uma campanha mundial não é fácil de digerir, mas claro, a gente não sabe que já se vai para a mundialização. É esta época mundializada a que permite efetuá-la, antes não teria sido possível.

Chegou o momento de fazer algo exemplar e a melhor forma de contar com a gente que vai aderindo é com a coisa exemplificadora. Desde o Marxismo que não surgia algo com projeção mundial. Marx pensava em algo mundial.
Estamos em uma época com falta de referências e a gente esta aderindo aos destemidos, às personalidades fortes. Olha o caso de Obama, que você diz: que Obama é forte ou débil? É uma personalidade forte, se vê suavezinho, mas muito firme. Assim terá que ser nossa colocação para o meio.

E será MSG quem dê o arranque. Haverá um pequeno núcleo que de continuidade à marcha, participando desde seus inícios nela. E a Comunidade terá que aderir e os demais organismos do sistema irão fazendo o mesmo, é a soma das diversidades o que o fará possível. E para os indivíduos o mesmo, se quer somar-se que ponha sua assinatura. O mínimo da adesão é o indivíduo. O menos que pode fazer é aderir individualmente, assim é a adesão pessoal. Nestas coisas você tem que tomar muito em consideração ao indivíduo, mas você vê que no final a gente não conta. Mudou a época, agora o pacifismo vai. Portanto então é preciso despejar o panorama, MSG e a MM pela Paz e a Não Violência, em positivo, não é pacifista ou anti-belicista. Há uma importante diferença entre pacifismo, anti-belicismo e não-violência. Vejamos o Dicionário, Volume II:

PACIFISMO
(do lat. pacem: paz). Princípio moral e político que reconhece a vida humana como valor social e ético supremo e que vê na manutenção da paz entre os grupos étnicos, religiosos e sociais, entre as nações e blocos de estados, seu ideal supremo. Inclui o respeito pela dignidade da pessoa humana, dos grupos e povos, e dos direitos humanos em geral. Contribui à compreensão mútua de pessoas de diferentes culturas e gerações. Rejeita a desconfiança, o ódio e a violência.
O p. é uma atitude de negação da guerra e o armamentismo. Desde a Primeira Guerra Mundial muitos tribunais, em diferentes lugares do mundo, reconheceram o direito de objeção de consciência eximindo do serviço militar a pacifistas e membros de confissões religiosas que se opõem às armas e aos instrumentos bélicos. Também os objetores de consciência promoveram campanhas mediante as quais propõem que a porcentagem orçamentária que se destina à defesa, derive para a educação e a saúde pública. As idéias de desarmamento e desmilitarização inspiraram a numerosos movimentos anti-belicistas que, freqüentemente, não alcançaram acordo pelas suas variadas concepções da realidade social e, às vezes, por divergências pontuais na aplicação de suas táticas de luta. Os grupos pacifistas estão hoje em condições de organizar frentes autônomos de base em relação com outros que propiciam a mudança social (*Frente de ação).


MOVIMENTO ANTIBELICISTA
Movimento contra as guerras e contra uma guerra concreta efetiva ou eventual. Na antiguidade as religiões universais e os sistemas éticos começaram a condenar as guerras por considerá-las como instituição contrária à vontade divina e prejudicial para a sociedade, que corrompe à pessoa humana e dissolve à sociedade. Na Idade Meia, vários movimentos populares religiosos tinham um conteúdo anti-belicista e expressavam o protesto popular, sobretudo das pessoas das vilas e camponeses contra as devastações próprias das guerras entre os feudais.
O m. a. internacional moderno nasce no século XIX e se amplia às vésperas da primeira Guerra Mundial. Quando se realizavam conferências e congressos nacionais e internacionais, surgiam organizações anti-belicistas que tratavam de impedir o estalo de uma guerra mundial e condenavam as chamadas guerras coloniais de rapina. Estes movimentos obrigaram à diplomacia internacional a elaborar uma série de normas e aprovar documentos sobre determinados procedimentos que limitavam as dimensões dos conflitos internacionais e as conseqüências das ações militares para a população civil; regularizavam a prestação de ajuda médica aos feridos, estabeleciam regras sobre prisioneiros de guerra, etc. No entanto, o m. a. não pôde prevenir as duas guerras mundiais.
Depois da segunda Guerra Mundial, o m. a. se ampliou e colocou a necessidade do desarmamento, principalmente a proibição e eliminação das armas atômicas, biológicas, químicas, etc. e também de armamentos comuns; a dissolução dos blocos militares;o fechamento das bases militares no estrangeiro e a evacuação das tropas. Este movimento alcançou seus objetivos, mesmo que só parcialmente. O fim da "guerra fria" provocou a crise do m. a.

NÃO-VIOLÊNCIA
A
n-v. costuma compreender ora o sistema determinado de conceitos morais que negam a violência, ora o movimento de massas encabeçado pelo Mahatma Gandhi que se desenvolveu na Índia na primeira parte do século XX, assim como a luta pelos direitos civis dos negros nos EUA sob a direção de M. L. King e a atividade desenvolvida por Kwame Nkrumah em Gana. Podem mencionar-se também as intervenções civis de A. Solzhenitsin, A. Sakharov, S. Kovalev e outros famosos dissidentes, contra o totalitarismo soviético.
A idéia da n-v. está exposta na Bíblia e em escritos de outras religiões, na chamada: "não mates". Esta idéia foi desenvolvida por muitos pensadores e filósofos; os escritores russos Leão Tolstoi e Fiodor Dostoievski a formularam com grande profundidade. A fórmula de Tolstoi que promulga a supremacia do amor e o "não emprego da violência ante a maldade", em outras palavras a impossibilidade de lutar contra uma maldade com outra, adquiriu ressonância mundial, engendrando uma seita singular de "tolstoistas".
Mahatma Gandhi (1869-1948) formulou de seu modo a ética da n-v. baseando-se no princípio do ahimsa (rejeição a exercer qualquer forma de violência contra o indivíduo, a natureza, o inseto ou a planta) e na "lei do sofrimento". Gandhi conseguiu organizar a satiasgraja, movimento anti-colonialista não-violento, reunindo muitos milhões de pessoas. Este se manifestou na insubordinação civil maciça e prolongada às autoridades inglesas, negando-se a colaborar com as mesmas, defendendo sua originalidade e liberdade, mas sem recorrer a métodos violentos. O povo chamou a Gandhi "Mahatma" (alma grande) pelo seu valor e inflexibilidade na ação sobre o princípio da n-v. O movimento da n-v. dispôs o terreno para que a Grã-Bretanha renunciasse a sua supremacia na Índia, embora o próprio Gandhi fosse assassinado por um sicário. Lamentavelmente, mais tarde, o princípio de ahimsa foi jogado ao esquecimento. O desenvolvimento político da Índia e o Paquistão se viram tingido com tons sangrentos da mais franca violência.
A luta de M. L. King também concluiu sem triunfar, ele também foi assassinado enquanto fazia uso da palavra em um meeting público.
Apesar de tudo, o conceito de n-v., inclusive a forma não-violenta de protesta, seguem vivas e se desenvolvendo no mundo. As intervenções diárias e em massa das camadas baixas de trabalhadores, mitines e manifestações de protesto, greves, movimentos femininos e estudantis, manifestações camponesas, edições de folhas, volantes e jornais, intervenções por rádio e T.V., tudo isso constitui as formas da ética e prática da n-v.
O N. H. se esforça para minimizar a violência até o limite extremo, superá-la completamente em perspectiva e encaminhar todos os métodos e formas de resolver oposições e conflitos sobre os trilhos da n-v. criadora.
Freqüentemente se homologou n-v. e pacifismo (*), quando na verdade este último não é um método de ação nem um estilo de vida mas uma denúncia constante contra o armamentismo.


NÃO-VIOLÊNCIA ATIVA
Estratégia de luta do N. H. consistente na denúncia sistemática de todas as formas de violência que o Sistema exerce. Também, tática de luta aplicada a situações pontuais nas quais se verifica qualquer tipo de discriminação.

O humanismo se esforça para superar a violência em perspectiva, processualmente. Tomando o caso da autodefesa, levamos a defesa de um conjunto ou a defesa pessoal ao limite extremo, de forma não violenta. É necessário levar ao limite extremo até criar consciência social.
Criar consciência é de onde vão sair imagens, atos, não é qualquer coisa, é algo muito pesado. Criar consciência é instalar um sistema psico-social tal que a violência não tenha cabimento. Contribuir para a criação de uma consciência mundial é algo muito pesado.
Podemos ver isto operando atualmente. Por exemplo, com o ambientalismo ingênuo foi instalada uma consciência social, ninguém sai na rua a bater num cavalo porque é linchado. E isto que está passando é mundializado. Queremos chegar a que se produza verdadeira repugnância física pela violência. E é nesta direção que a ação exemplar fará sentido porque ela enraíza nas pessoas. Então reforçamos isso de que a violência não é só física e diferenciamos as formas de violência, não faremos um chamado meramente anti-belicista, não é só o tema bélico mas são todas as formas de violência. Não podemos confundir o anti-belicismo com a não violência, assim como não é possível confundir o gandhismo com a não-violência. Ao referir-nos à não-violência ativa falamos de todas as formas de violência que o sistema exerce. É importante agora fazer diferenças nestes temas já que quando se traduzam para outras línguas os diferentes materiais que se façam para a MM pode resultar uma marmelada; iremos com precisão nos conceitos. E muito olho com as secundariedades, alguém poderá sair com que o mais importante é o "aquecimento global", a contaminação e não é assim.
Interessa a nós criar consciência social, é uma proposta psico-social. E como dissemos estamos em uma época de jetones, não estamos falando de democracia. E a gente se poderá reconhecer no pior e no melhor do outro, se somos capazes de reconhecer em nós mesmos essas barbaridades, deve ser lutando consigo mesmo.

Agora o assunto é como criamos consciência social. Faz-se através de ações "exemplificares", assim chegamos às pessoas.

Rafa de la R dá seu testemunho pessoal: nos seus recentes dias de retiro em Punta de Vacas, efetuou a seguinte reflexão: "Eu vou fazer a marcha mundial pela paz e a não-violência e o resto que veja como fará".

Rafa falou sobre o testemunho de um jovem na Argentina: "Não sei se vou poder ir à marcha mas para mim é importante que se faça". Está a sensibilidade presente em nosso meio imediato, na sociedade em geral. Por tanto esta MM é um exemplo de mundialização muito interessante e vai ter conseqüências.

Podemos dizer que o marco da MM é criar consciência social pela paz e a não violência, e os três pontos já comentados do dicionário (pacifismo, antibelicismo e não violência) são muito importantes para nós. Devemos ter claro que se nós não fazemos a MM não a podem fazer outros. Em que se apóiam?..., eles não têm estruturas. Só carimbos de borracha.
Gandhi se nutre do Ahimsa: arranca quase 500 anos antes desta era e parte como reação para o hinduismo onde se viam situações de violência. Como exemplo vemos as castas sociais e como caso extremo vemos às viúvas que ao ficar sem seu marido tinham que atirar-se vivas na pira funerária. O Ahimsa sai do Mahavira, dos Jainistas. Ele o desenvolve explicando que não é preciso danar os sistemas nervosos dos seres vivos. Daqueles que tem mais de um sentido. Os vegetais contam com um só (o tato), mas já um micróbio ou algum animal com dois ou mais sentidos não pode ser morto. Eles são evolucionistas e ateus. Depois vem o paradoxo de que seus templos, que são ateus, são tomados pelos brahmanes. Daqui abrevaron Tolstoi e Gandhi. Na atualidade não são mais de 1 milhão, não são religiosos e fazem muita insistência no comportamento. São ateus como o foi Buda, contemporâneo do Mahavira. Época de grande agitação, com Grandes homens como Zaratustra, Pitágoras e outros.

Na MM os Parques cumprirão um papel muito importante, serão pontos de atracado. Vão ser muito importantes para juntar gente. Serão os faróis da MM.

Um ponto que devemos levar em conta é que pode haver diversos focos de conflito ou conflitos mundiais durante este próximo tempo, então temos claro que devido a estes não deteremos a marcha. Veremos de ir sorteando obstáculos onde se nos impeça a passagem.

O que necessitamos é gente com valor, por tanto com uns poucos em cada lugar poderemos iniciar este assunto. Oxalá pudéssemos retomar esses contatos do Egito, em Alexandria, que tem um grande significado histórico e cultural. Trataremos de passar pelas fronteiras das Coréias, por Hiroxima, pelo norte da Índia que faz fronteira com Paquistão, Israel e a Palestina, etc... Queremos que o indivíduo participe, estão isolados do processo, é uma geração que se atola.
Será uma marcha em prol da paz e a não-violência, não contra algo. Contra nada. Vamos pela paz e a não-violência como metodologias de ação e o resto dos países e governos farão sua parte. Esclarecemos, não vamos propor nada dialeticamente, isso era antes, já é um recurso esgotado.

Seria bom que a MM se organize flexivelmente, em comissões como a da Mensagem, e que a gente que queira se faça cargo e leve adiante a MM. Respeito da orgânica, além da geral, que é como uma junta promotora, tem que haver uma orgânica mínima de MSG nos diferentes lugares, onde a gente possa se linkar.

Também será de muito interesse saber que passou naqueles lugares por onde a marcha já passou, ou por onde está passando ou por onde passará. O antes, o durante e o depois deverá ser programado. E, além disso, se podemos ir colando com a imprensa por onde vamos passando, melhor. Também será de interesse contar com um informativo periódico que vá dando conta da MM.


Respeito da Mensagem, as Comissões têm que ter um núcleo de gente à qual se possa somar outra gente. Ali onde se arme uma comunidade da Mensagem terá que haver uma comissão, seja salinha, sala ou sala nacional. As comissões são para sustentar o lugar, fazer difusão, tomar contato com as diferentes organizações, com o meio, etc. Se definirão funções e já estará em marcha. Também haverá que considerar aspectos tais como a forma em que vai se relacionar essa comunidade entre si e como se relacionará com outras comunidades. Sabemos que são dois aspectos muito diferentes. Mas, para iniciar isto, o primeiro que tem que haver é o espírito. Já naquele momento, dentro dos primeiros cristãos se disse: "aí onde se reúnam em meu nome três dos senhores, ali eu estarei".
Não é possível que o hominídeo, que tem já quase 3 milhões de anos sobre a terra não possa organizar-se nesta unidade básica. Minimamente terá que começar já a organizar-se!
Com certeza encontraremos resistências em nosso andar
, mas bem sabemos que para que um circuito funcione corretamente tem que haver uma resistência de carga. Caso contrário, não há movimento cíclico.

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A Economia e a Violência

Palestra de Guillermo Sullings em Quito-Equador

30/10/2006



Introdução



Quando os Humanistas falamos de violência, o fazemos em um sentido amplo; não nos referimos somente às situações de violência física, mas também falamos da violência psicológica, da violência racial, religiosa, sexual, e também nos referimos à violência econômica.

Está claro que se exerce violência quando se discrimina a outro pela sua raça ou religião, quando se submete a outro, quando se o priva de seus direitos, quando se cometem injustiças. Mas às vezes, as injustiças originadas pela violência econômica, não são tão simples de perceber, porque nem sempre estão claros os limites nem as responsabilidades. 'São as forças do Mercado', costuma dizer-se quando se tenta explicar certos fenômenos através dos quais milhões de pessoas ficam marginadas e excluídas. Quem são as vítimas e que os verdugos?

Analisar os mecanismos mediante os quais se termina exercendo a violência econômica pode resultar sumamente revelador. Mas, analisar, além disso, os mecanismos pelos quais a violência econômica se realimenta com outros tipos de violência poderia nos facilitar a compreensão, pelo menos em parte, da complexa situação atual no mundo.
Sem dúvida que não pretendemos neste breve ensaio, explicar todos os fenômenos sociais desde a economia. Isso seria cair em outra forma de economicismo, e desconhecer absolutamente a verdadeira dimensão do fenômeno humano. Não se trata de causas e efeitos, mas em todo caso de relações de concomitância, onde o fator econômico, e em particular a violência econômica, fazem sua parte dentro de um esquema muito mais complexo.

Não obstante, como a matéria que nos ocupa neste trabalho, é a economia, nos tomaremos a liberdade de olhar desde ali a interação de fenômenos sociais, deixando em claro que é somente um enfoque parcial e que, além disso, longe está de esgotar-se, nestes conceitos muito gerais que desenvolveremos a continuação.


Guillermo Sullings



A violência gerada desde os sistemas econômicos



Como conceito geral podemos dizer que, todo sistema que localize ao fato econômico como centro de gravidade, é por si violento já que por definição desloca os valores humanos para um lugar secundário. Seguramente que na hora de buscar exemplos de violência econômica, os encontraremos em abundância na economia capitalista, e está bem que aprofundemos nela, já que é o sistema imperante na maioria do mundo. Mas isso não pode fazer-nos evitar os atropelos cometidos em outros sistemas econômicos, muitas vezes fundamentados em ideologias que, paradoxalmente, propunham melhorar a situação do ser humano. Se começamos pelo mais grosso, encontraremos em alguns genocídios históricos a busca por impor a sangue e fogo certos esquemas políticos e econômicos. Desde as teorias do "espaço vital" para o desenvolvimento de seus povos, com as quais o fascismo e o nazismo pretenderam justificar seu expansionismo, com a submissão e extermínio das denominadas "raças inferiores". Passando pelos milhões de mortes produzidas na União Soviética durante mais de meio século, para sustentar a "ditadura do proletariado". Lembrando também o massacre de 3 milhões de pessoas no Camboja, sob o regime dos Jémeres Vermelhos liderados por Pol Pot, que entre 1975 e 1979 forçaram o êxodo da cidade ao campo para, entre outras coisas, converter-se no primeiro produtor mundial de arroz.
E ainda sem chegar aos casos extremos de genocídios, em todos os regimes nos quais desde o Estado se tentou impor um sistema político e econômico desenhado por um grupo de iluminados encontraremos todo tipo de violações aos direitos humanos. No entanto, se bem a responsabilidade principal nestes atropelos foi de quem exerceram o poder, também existiu cumplicidade de uma parte dos povos, que permitiram que seus ódios e ressentimentos contra outras raças, etnias, ou classes sociais, fossem exacerbados e utilizados pelos seus líderes, como combustível para o "motor revolucionário".
Mas quando de genocídios trata-se, o capitalismo tem muitos exemplos para dar-nos; desde os atropelos colonizadores na América, a África e Ásia, passando pelas guerras entre potências industriais, seguindo com as políticas repressivas que deixaram centenas de milhares de desaparecidos em toda a América Latina, e continuando hoje com as invasões dos territórios com reservas petrolíferas.

Mas os casos que assinalamos anteriormente, se referem mais bem à violência gerada para impor e sustentar determinados sistemas políticos e econômicos, perseguindo pelo geral o benefício de certos setores, e implantar determinados esquemas ideológicos pela força. Mas também devemos assinalar as situações de violência que geraram tais sistemas econômicos pela sua própria dinâmica.
Nos experimentos socialistas, o planejamento centralizado da economia só pôde levar-se adiante abolindo a liberdade das pessoas e asfixiando a livre iniciativa em uma complexa meada burocrática. Devia-se produzir e consumir o que o Estado dizia, nas quantidades planejadas e com os preços estabelecidos. As pessoas se transformaram em simples engrenagem de uma pesada maquinaria produtiva, cada vez mais ineficiente. A prometida igualdade se traduziu como pobreza igualitária, na qual, alias, havia cúpulas privilegiadas. Uns quantos burocratas se atribuíram o poder de decidir tudo o que devia ocorrer na economia, gerando-se uma corrente de autoritarismo e violência psicológica.


O capitalismo, por outro lado, em nome das liberdades individuais e rendendo culto ao livre mercado, gerou as condições para que a economia se transformasse em uma luta desigual, entre depredadores e vítimas. A tendência à acumulação do poder econômico em poucas mãos rapidamente deixou no esquecimento à prometida sociedade de oportunidades, gerando uma crescente iniqüidade na distribuição da renda. A violência que significou a exploração capitalista sobre os trabalhadores, tanto do ponto de vista da iniqüidade distributiva como do ponto de vista das condições trabalhistas, com o tempo derivaria, além disso, na exclusão de milhões de pessoas que iriam ficando fora do sistema. Quem sofre a violência do sistema capitalista são os excluídos e os marginados; a sofrem os explorados por um salário miserável e também os diversos elos sujeitos à pressão do eficientismo economicista. A sofrem as vítimas da agiotagem, endividados de por vida, e a sofrem também os "homo-consumidores", cuja vontade é manipulada pela propaganda.


Mas a violência gerada desde os sistemas econômicos, não se limita à violência exercida para manter-se pela força, nem às situações de violência próprias das relações econômicas. Também se exerce violência quando a exploração econômica irracional destrói o meio ambiente e os recursos naturais, contaminando e envenenando todo o planeta. Exerce-se violência quando os poderes econômicos se apropriam do poder político, prostituindo as instituições que supostamente tinham sido criadas para garantir os direitos dos cidadãos. Exerce-se violência quando o poder econômico se apodera dos meios de difusão para condicionar desde ai a subjetividade das pessoas.

Mas vamos aprofundar em dois aspectos, nos quais a violência econômica se relaciona intimamente com dois tipos de violência, que estão levando às sociedades a sua destruição. Um aspecto é o das guerras e o armamentismo e o outro é o da violência social.




A economia e o armamentismo



Esta relação entre a economia e o armamentismo, se transformou nos últimos tempos em um círculo vicioso no qual, por uma parte, os poderes econômicos buscam consolidar seus privilégios apoiados no poder militar, enquanto por outra parte a indústria armamentista procura aumentar seus ganhos alimentando conflitos.
Em um excelente trabalho realizado por dois autores humanistas, Oscar Cevey e Javier Zorrilla, encontramos abundante informação sobre a proporção dos recursos que se destinam ao armamentismo. Citaremos alguns dados a modo de exemplo.


"A cada ano se gasta no mundo perto de um trilhão de dólares (um milhão de milhões) em armamentos, tanto convencionais como nucleares. Em termos de gasto improdutivo a drenagem militar é enorme: na atualidade, entre quinze e vinte de cada cem dólares gastos pelos governos centrais são destinados a fins militares. Isto representa o triplo dos orçamentos para ensino e oito vezes os destinados à moradia."

"A China comprou vinte e seis aviões de combate da Rússia, por uma soma de dinheiro que pôde haver servido para abastecer com água potável a cento quarenta milhões de pessoas durante um ano. A Nigéria adquiriu oitenta tanques da Grã-Bretanha, quantidade que pôde haver servido para imunizar com vacinas a dois milhões de crianças. A Índia comprou vinte aviões de combate MiG-29 da Rússia, por um valor que pôde haver servido para fornecer educação básica para quinze milhões de meninas, que não vão à escola nesse lugar"


"Com milhões de dólares, em lugar de adquirir mais um submarino nuclear, poder-se-ia reflorestar a Terra. Com cinco bilhões de dólares, em lugar de fabricar mais bombas nucleares, se poderia fornecer água potável pura a boa parte do mundo. Com dois bilhões de dólares, em lugar de levar adiante uma dúzia de ensaios nucleares, se poderia fazer retroceder significativamente a desertificação. Com cinco bilhões de dólares, em lugar de fabricar outros seis bombardeiros nucleares Stealth, seria possível reduzir a contaminação atmosférica. Com quatorze bilhões de dólares, em lugar de enviar armas a países de Oriente Médio, seria viável conservar o patrimônio da natureza e eliminar resíduos perigosos."
Os anteriores são alguns dos exemplos de como se poderiam resolver muitos dos problemas que a pobreza gera, destinando neles os recursos que hoje se destinam para a destruição da vida. Claro que semelhante mudança no destino dos recursos, não será possível enquanto o poder econômico seja dono do poder político, já que a violência da guerra é a que o ajuda a manter seu poder.

E ao respeito, continuamos citando alguns parágrafos do trabalho de Cevey e Zorrilla:


"Guerra e pobreza, são elementos inseparáveis que atravessam cada um dos países nos quais se desenvolvem os conflitos bélicos. Não é casual que os diferentes lugares onde se assentam as guerras sejam os que apresentam as maiores misérias. Os interesses por dominar os recursos naturais e energéticos são o verdadeiro motor das confrontações. A abundância de recursos naturais que existe em certos territórios, longe de ser explorada em benefício da população, motiva e financia a maioria dos conflitos."


"Na atualidade existem mais de setenta guerras no mundo. Um terço da atividade econômica mundial depende do complexo militar-industrial. Atualmente o total de países destina mais de um trilhão de dólares à despesa militar, o que representa aproximados 3% do PIB global, um por cento a mais que no ano 2000."

" EUA é a superpotência militar sem rivais. Gastará dois trilhões de dólares nos próximos cinco anos, um orçamento maior que o dos quatorze países seguintes. Depois dos atentados de 11 de setembro EUA se transformou em uma máquina de guerra: sua despesa aumentou onze por cento."


"Os países do G-8 são responsáveis por mais de oitenta por cento de todas as novas armas vendidas aos países pobres. Estes foram o principal mercado da venda de armas. Durante o período de 1997-2001, o maior vendedor de armas do mundo foi EUA com quase quarenta e cinco por cento do total exportado."

"Há detectadas pelo menos noventa empresas de exércitos de mercenários com sedes em quinze países e operações em cento e dez nações ao redor do mundo. Desde 1994 o Departamento de Defesa dos EUA assinou mais de três mil contratos com doze das empresas militares privadas que têm sede nos EUA. O valor total de ditos contratos, incluídas as organizações mercenárias, superou os trezentos bilhões de dólares."


Toda a informação que acabamos de mencionar, é só a modo de exemplo para ilustrar sobre a magnitude de um problema de muito complexa resolução, na medida em que os povos não tomem consciência do rumo das coisas e da sua parcela de responsabilidade. Hoje existe um imenso arsenal atômico de mais de 30.000 artefatos nucleares capazes de destruir várias vezes o planeta, e hoje é possível transportar em uma valise uma bomba 10 vezes mais poderosa que as que destruíram Hiroxima e Nagasaki. Hoje é mais urgente que nunca que o clamor das povoações exija um imediato desarmamento nuclear, que obviamente não passa somente por frear o ingresso de novos membros ao seleto clube atômico, mas passa fundamentalmente pelo total desarmamento dos velhos sócios: as grandes potências. O problema radica em que, precisamente, muitos interesses econômicos ligados às grandes potências se respaldam com o poderio militar. Está claro que não podemos esperar que esta iniciativa do desarmamento seja tomada por quem trafica e comercia com a morte, nem por aqueles que são capazes de bombardear povos inteiros para ficar com um poço de petróleo. São os povos os que têm que refletir sobre o tipo de governantes que estão apoiando. Mas este tema o analisaremos mais adiante.


A economia e a violência social



Em uma passagem deste trabalho, mencionávamos que alguns líderes violentos, tinham fomentado o ódio e o ressentimento em certos setores da população, exacerbando a discriminação entre etnias ou classes sociais, para lançar-se na corrida pelo poder. Essa combinação letal entre líderes autoritários e setores sociais enfrentados levou a muitos excessos e em alguns casos a genocídios. Mas, mesmo que não se chegue nesse tipo de confronto organizado, em muitas das chamadas democracias atuais, a desestruturação social é um caldo de cultivo para todo tipo de violência e está claro que a violência econômica tem um papel muito importante para potenciar esta situação.
Quando analisamos os fatores de discriminação entre as etnias que convivem em um país, vemos que as diferenças na cor da pele, a religião e os costumes, se potencializam quando coincidem com as fragmentações dadas pela situação econômica. Muitos dos aspectos do estilo de vida de alguns imigrantes guardam relação com sua precária situação econômica e com o tipo de trabalhos que têm que realizar para sobreviver. Isto os localiza em uma situação de diferenciação com outros setores da população, e tal diferenciação costuma alimentar a discriminação recíproca. Inversamente, também ocorre que quando determinados setores de imigrantes alcançam uma melhor situação econômica que outros, a discriminação e o ressentimento por parte dos menos favorecidos aumentam.
A discriminação (para cima ou para baixo), gerada pela desigualdade econômica, além de que as camadas sociais coincidam ou não com determinadas diferenças étnicas, não é um fenômeno novo no sistema capitalista. Como citamos no livro de Economia Mista, já os "fouding fathers" de USA fundamentavam o capitalismo com uma suposta "natureza humana", na qual existiam desigualdades inatas, e na que a auto seleção dos melhores devia colocar a estes no poder. Madison sustentava que "... o poder repousará sobre o direito de propriedade que se acha legitimado pela diversidade de faculdades individuais.... o governo terá como finalidade proteger esta distribuição desigual da propriedade que se encontra, por conseguinte, justificada pela mesma natureza humana...". Já naqueles tempos se estava justificando ideologicamente uma sociedade individualista na qual só haveria ganhadores e perdedores, fracassados e triunfadores.
Tudo começou a medir-se com a vara do sucesso econômico. Para um empregado, o desocupado é um folgazão. Para um diretivo, o empregado é um perdedor incapaz de ascender. Para um empresário, os gerentes são cachorros fiéis, incapazes de abrir caminho por si mesmos. Um sistema econômico apoiado nessas valorações só pode gerar violência social. Se essa violência não se canaliza trás a "nova ordem" de líderes violentos, canalizar-se-á desordenadamente através da delinqüência, a droga, o suicídio e o confronto social.

Enquanto isso, os meios de difusão se ocupam de mostrar para a população quais são os modelos de vida a seguir e, sobretudo, que tipo de produtos devem consumir. O resultado conseguido na vida real: um punhado de imbecis que se acham triunfadores porque conseguiram parecer-se com esses modelos impostos, e milhões de frustrados que sentem que ficaram fora da corrida.
Seguramente alguns acharão que um bom motor para o progresso social é a expectativa de cada um por estar no degrau seguinte; o desocupado tentará ser como o empregado, o empregado como o gerente e o gerente como o empresário. E possivelmente, em alguns casos tenha funcionado assim. Mas esqueceram de pelo menos dois fatores. O principal, que o ser humano é algo muito mais profundo e complexo, que um simples "ator econômico". O outro fator é que, além disso, a própria tendência do capitalismo para a concentração, o transforma em uma corrida desenfreada na qual uns poucos ganham e a maioria perde. E se o motor do sistema era a promessa de um futuro de sucesso econômico, esse futuro se foi fechando cada vez mais.
Conseguiram convencer às pessoas de que o sentido da vida era o sucesso econômico e certo estilo de vida; mas como isso é para uns poucos escolhidos, a vida perde sentido para a maioria. Isto é, o sistema capitalista vazia às pessoas por fora e também interiormente!. E sem dúvida que os bem-sucedidos também ficam vazios interiormente. E sem dúvida que fracassar na corrida da estupidez, devesse finalmente ser reconfortante, e abrir-nos passo ao verdadeiro sentido da vida. Mas, enquanto dure a hipnose, os fracassos não aceitos se transformam em depressão, ressentimento, inveja e busca de revanche a qualquer custo e isso se traduz em violência de todo tipo.

É como se houvesse uma guerra civil não declarada. E nas guerras se transtornam os valores: não há amor, não há compaixão, não há respeito, não há códigos de convivência, e tudo se justifica na luta contra o inimigo. Inimigo é quem tem mais que eu, porque o culpo pelo que não tenho. Inimigo é quem tem menos que eu, porque sinto que me espreita. Inimigo é quem tem igual a mim, porque estamos competindo e não permitirei que tire vantagem. E com o inimigo vale tudo, vale a traição, valem o despojo, o roubo, o crime, a exploração e a indiferença ante seu sofrimento.

Assim as coisas, o delinqüente não se sente delinqüente, considera-se um justiceiro que toma o que a sociedade lhe nega. Quem odeia aos que têm mais, não se reconhece como um ressentido, ele sente que com seu ódio faz justiça. O que despreza aos perdedores está convencido que eles são inferiores e têm o que merecem. Cada qual conforma sua escala de valores de acordo com sua própria violência interna e em função dela projeta sua violência fora. Esta violência, na medida em que as pessoas conseguem manter-se dentro do sistema, costuma canalizar-se dentro dos "trilhos legais", e se exerce a violência sob o amparo da lei. Mas na medida em que mais gente vai sendo marginada do sistema, aumenta a violência considerada ilegal, crescendo os transbordamentos e a conseqüente repressão, que realimenta o círculo vicioso da violência.
A pergunta então é: como se rompe este círculo vicioso da violência?. Sem dúvida que não será mudando um aspecto parcial da sociedade, como é o econômico, que se solucionará o problema da violência. É necessária uma transformação integral do ser humano, uma mudança de sensibilidade e de valores que gere como conseqüência outro tipo de sociedade, e nesse outro tipo de sociedade será possível outro tipo de economia. Mas seguramente que avançando na compreensão de nossa própria violência é como poderemos avançar para uma sociedade não-violenta. E neste trabalho estamos tentando avançar na compreensão da violência econômica, e desde esse enfoque cabe a pergunta:
Nossa organização social tem violência econômica porque o sistema econômico é violento, ou este sistema é violento porque assim é a natureza humana?




A mudança social e a mudança individual



Sem dúvida, o humanista não acredita em uma natureza humana imutável, mas, afirmamos que é a intencionalidade humana a que faz evoluir às sociedades e a que fará com que finalmente o mundo saia desta armadilha da violência. Não é possível que a sociedade mude se não vão mudando simultaneamente as pessoas, e ao mesmo tempo, não haveria uma mudança verdadeira nas pessoas se elas não se ocupam de mudar à sociedade.
Há quem sustentam que o capitalismo, mesmo com suas injustiças, é o único sistema que funciona, porque o individualismo e a ambição que motorizam o desenvolvimento neste sistema são parte da natureza humana que não pode mudar. Afirmam que a solidariedade pode ser muito interessante na teoria, mas na prática não mobiliza a maioria das pessoas, portanto, nenhum sistema econômico baseado nela terá futuro.
Alguns afirmamos que uma mudança de sensibilidade já se está dando, e a busca de novos valores fará com que a intencionalidade humana termine por transformar este sistema violento e inumano, por própria necessidade.

Na interessante obra publicada faz pouco tempo por Rafael de la Rubia, "Para um Novo Humanismo", há uma modesta contribuição de quem escreve estas linhas, sobre a nova sensibilidade e os novos paradigmas na economia. Ali se citam palavras ditas por Silo em maio de 2004 em Punta de Vacas "... os povos experimentarão uma ânsia crescente de progresso para todos, entendendo que o progresso de uns poucos termina no progresso de ninguém..."
E dizíamos neste trabalho que, "apesar de que alguns poucos (mesmo que poderosos) seguem acreditando no paradigma da lei do mais forte e da auto-seleção dos mais aptos, as grandes maiorias vão compreendendo a necessidade de um progresso com eqüidade social. No entanto, o velho sistema capitalista não pode dar resposta a essa necessidade porque está montado sobre paradigmas de um mundo que vai morrendo: o mundo do individualismo, o egoísmo, a exploração e a indiferença. Enquanto isso, a organização social está assentada sobre instituições e legislações que, enquanto cobrem a aparência formal da igualdade de todos perante a lei, na prática se alinham cada vez mais com os ditados do capital internacional que se alimenta das desigualdades e a marginação.
É cada vez mais evidente que esta nova sensibilidade que vai nascendo nas pessoas, e que no âmbito da economia se manifesta nessa necessidade de progresso para todos, só poderá canalizar-se em uma profunda transformação social, na medida em que a organização do estado e a economia se montem sobre novos paradigmas, de acordo com essa nova sensibilidade."

"O ser humano está crescendo e a roupa do sistema capitalista está ficando pequena. Fazem falta novos paradigmas para a organização econômica. Todos os procedimentos de um novo sistema econômico, devessem passar o exame de respeitar um paradigma fundamental: Iguais oportunidades para todos."


Finalmente, no trabalho mencionado, comentávamos os pontos principais do Sistema de Economia Mista, como o que poderia ser a forma de organização econômica adequada para a nova sensibilidade que vai nascendo, superando a violência que o capitalismo gera. Sem dúvida não é a idéia estender-nos aqui nos detalhes da Economia Mista, mas podemos lembrar as propostas mais relevantes.
A participação dos trabalhadores nos ganhos, as decisões e a propriedade das empresas, como um modo de melhorar a distribuição da riqueza e assegurar o reinvestimento produtivo. Os Bancos estatais sem interesses, para terminar com o monopólio financeiro da agiotagem privada. O papel de coordenador da economia, por parte do Estado para evitar a anarquia dos mercados, sem que por isso se ponha freio à iniciativa privada. Um regime político de democracia direta, para resolver positivamente a contradição atual entre o público e o privado.

O que queremos dizer é que por uma parte não é possível esperar que um novo sistema econômico ganhe força, enquanto não mude a escala de valores, em absoluto se pode tratar de impor um novo sistema que não coincida com a sensibilidade social. Mas também dizemos que, na medida em que esta vai mudando se faz necessário transformar o velho sistema, porque ele responde a uma velha sensibilidade que vai morrendo.
E sem dúvida que para mudar um sistema político e econômico, de acordo com uma nova sensibilidade que vai nascendo, não será necessário esperar até que o último dos seres humanos sintonize com ela. Sem dúvida que um sistema econômico que se apóie no motor da solidariedade, em lugar do egoísmo, não pode depender de que não fique um só egoísta sobre a faz da terra. Tampouco o capitalismo necessitou que todos fossem empresários para colocar-se em marcha. Será suficiente a iniciativa de uns quantos para dar o impulso inicial e manter em marcha um novo sistema político e econômico. Mas essa iniciativa deve ter o caminho expedito mediante a mudança da legislação, e para isso sim é necessário o apoio das maiorias.
No entanto, parece ser que para que isto se produza será necessário superar algumas contradições nas quais os povos costumam cair, povos que às vezes dão amostras de avançar para uma nova sensibilidade mais solidária e não-violenta, mas outras vezes parecem retroceder e aferrar-se a velhos valores, ou pelo menos a velhas respostas.



As sociedades devem fazer-se cargo de sua parte



Se fizéssemos uma pesquisa, e perguntássemos às pessoas se desejam a guerra, possivelmente a maioria nos diria que não. Se perguntássemos se desejam a violência social, ou a injustiça econômica e a marginação de bilhões de seres humanos, possivelmente a resposta da maioria seria negativa.



Pois então, de quem é a culpa que estejamos assim?



Dos governantes dirão alguns. Das multinacionais, dirão outros. Dos meios de comunicação, arriscará alguém. Ou do poder econômico, que definitivamente maneja aos governantes e aos meios de difusão, poderíamos dizer também para simplificar as coisas.
No entanto, Quem escolhe aos governantes? Quem sustenta o sistema econômico com a ambição e o consumismo?, Quem acredita cegamente nos meios de difusão?
Que é o que gera esta contradição entre o que se diz e o que se faz: a hipocrisia ou a impotência?. Seguramente que há muitos hipócritas, que somente são fiéis a seus mesquinhos interesses, mesmo que humanizem seus discursos para disfarçar suas motivações. Mas há muita gente que genuinamente sente a necessidade de uma mudança, embora não encontre um caminho claro para essas transformações, e muito menos veja com claridade uma relação direta entre suas ações cotidianas e a violência no mundo. E então a impotência se transforma em resignação, indiferença e hipocrisia.
Claro que não é fácil de visualizar até que ponto o consumismo de uma pessoa tem a ver com a desnutrição de outras.

Não é simples compreender como os esforços competitivos de uma pessoa para conseguir uma vaga de trabalho se correspondem com a impotência de quem fica desocupado.
Não se vê com claridade como a ostentação de alguns gera a inveja e o ressentimento de outros. Não se entende que às vezes, o afã de cada qual por ocupar-se exclusivamente de sua própria vida, torna-se indiferença para outros; e muito menos se entende que essa indiferença, também é violência.

É por tudo isso que também não se entende a violência irracional, exercida por aqueles que já não têm nada que perder, contra uma sociedade à qual intuem colaboracionista com o sistema que os margina. E talvez desde essa falta de entendimento, é que às vezes se asseguram as políticas repressivas e agressivas do sistema como solução para a violência, fronteiras dentro e fronteiras fora, com o pretexto de combater aos violentos.
Mas, alguns se perguntarão, E se conseguissem entender esta mecânica,...então que? Talvez deixasse de girar a roda?. A lógica indica que nada pode se fazer desde uma ação individual para mudar um sistema.

No entanto, não devesse haver algo mais ilógico que a lógica da violência, porque nos está levando à destruição. Talvez algum dia, tanta violência nos sature, até nos fartarmos de nossas próprias debilidades e então tenhamos um espaço para a compreensão, acima da negação suicida ou do insuficiente e inócuo entendimento intelectual. Talvez compreendamos que a corrida pelo sucesso individual, coletivamente se transforma em uma avalanche humana, na qual milhões morrem pisoteados; e mesmo que pessoalmente achemos que não pisamos ninguém, empurramos os outros para que o façam.

Talvez por necessidade, algum dia nos cansemos de correr atrás do sucesso e o dinheiro, abandonemos a corrida e assumamos o fracasso, sem esperar com isso mudar o mundo. E talvez, quando deixemos de correr, quem vai à frente já não se senta perseguido e comece a refrear-se; talvez quem venha atrás não tenha já a quem perseguir, e comece a se deter. Talvez os que correm à par nossa, não tenham já com quem competir, e sintam a inutilidade de sua cega corrida. E talvez então o mundo comece a mudar. Não por imposição de um grupo de iluminados, mas simplesmente por necessidade coletiva.
Claro que isto não é tão simples, pelo menos que se produza coletivamente. Não é possível complotar entre bilhões de seres humanos, para nos pormos de acordo da noite para o dia e dizer: "¡Todos de uma vez, abandonemos esta louca corrida e este sistema violento cairá!". Sem dúvida cada vez há mais gente que vai caindo em conta da direção destrutiva que levam as coisas, e começa a mudar sua conduta, e em alguns casos se organiza para tentar mudar o mundo. Mas isso não será suficiente até que os povos não percebam maciçamente esta direção destrutiva.

Indefectivelmente, em algum momento cairão em conta, e o mundo começará a mudar. A pergunta é quanto tempo levará e quantas vidas custará?. Tomara que se acelere a compreensão agora, caso contrário a crueza dos eventos será a que se ocupe de acelerar tal compreensão.




Para onde vai o mundo



Se dermos um rápido olhar na direção que as forças da Economia e a Violência levam, veremos no seu horizonte sofrimento e destruição.
O consumismo irracional desenfreado, em lugar do desenvolvimento racional, leva ao mundo para o desastre ecológico, para a destruição do meio ambiente, para o envenenamento do ar e da água, e para o esgotamento dos recursos naturais.
A feroz concorrência globalizada, por fornecer mão de obra barata às multinacionais, seguirá fazendo descer o valor dos salários e fazendo crescer a desocupação e a marginação. E não faltará quem culpe por isso à China e a Índia, por quererem se industrializar, ou aos imigrantes por nos tirarem o trabalho, aumentando com isso a violência discriminatória.

A luta pelos recursos energéticos não renováveis, fará com que se sigam invadindo países e pressionando governos com qualquer pretexto. As conseqüências destrutivas de tal comportamento já estão à vista, mas ainda não vimos o pior, e o risco da utilização de armas atômicas é maior ainda que durante a guerra fria.
A grosseira desqualificação que se faz de algumas culturas e religiões, com o fim de degradar à vítima, para assim justificar o algoz, com o fim de controlar os recursos estratégicos potencializará os conflitos pelo choque entre culturas.
O terrorismo em todas suas formas aumentará progressivamente, e na medida que se siga alimentando o ressentimento, ele será cada vez mais indiscriminado e portanto nada nem ninguém estará a resguardo do mesmo.

Na medida que a desocupação e a marginação avancem, e esta é a direção que leva o processo, a violência dentro das sociedades irá crescendo, transbordando qualquer tentativa de brindar segurança.

Estes são só alguns dos indicadores de que vamos para o desastre. Serão inevitáveis estes desastres anunciados?. Há um tempo, na Argentina, tivemos uma pequeníssima amostra. Os humanistas anunciamos em 1998 que se não se saía do modelo econômico da convertibilidade, ia-se para o desastre, e efetivamente, ninguém nos ouviu e em finais do ano 2001 ocorreu o maior desastre econômico da história da Argentina. E agora todos dizem: Que bom que caiu esse modelo econômico, não podíamos seguir assim.
Será que daqui algum tempo os povos se olharão retrospectivamente, estranhados de terem vivido e alimentado este sistema deshumanizante? . E que magnitude deverá ter o desastre para que as coisas mudem?. E mudarão para melhor ou para pior?.
Seguramente que em alguns círculos de poder, devem sonhar com que a direção que levam as coisas, conduza para um "equilíbrio natural", de acordo com as teorias de Malthus. Seguramente pensarão que, depois de uma "crise necessária", graças às guerras e as fomes, a população diminuirá, e os sobreviventes alcançarão um equilíbrio social, próprio da literatura owerlliana. Os sobreviventes pobres contidos em um novo apartheid global e os sobreviventes poderosos controlando tudo desde seu luxuoso bunker.

Outros preferirão pensar em um final cinematográfico, no qual uma revolução com bandeiras ao vento termine com o reinado dos maus. E muitos simplesmente não quererão pensar no tema, supondo que as coisas se regularão sozinhas, ou que eles nunca serão alcançados pelo caos.

Alguns achamos que para reverter esta direção destrutiva, é preciso fazer o possível para acelerar a compreensão coletiva do fenômeno. Deve-se ir conseguindo que cada vez mais gente deixe de alimentar o círculo vicioso da violência, e pressione os governos para que mudem suas políticas. Pressionar para o desarmamento, pressionar para a Não-violência, pressionar para a democracia direta, pressionar para a mudança do sistema econômico.
Alguém poderá pensar que o ser humano está muito longe ainda de alcançar o nível de compreensão necessário como para poder corrigir o rumo que levam as coisas E efetivamente, além do acordo intelectual de muitos com estes temas, a armadilha do individualismo nos leva à impotência, e esta à desilusão.
Mas se nosso olhar não fora tão superficial, e se internalizara no mais profundo do ser humano, poderia ver que acima dos processos sociais e as volúveis econômicas, há um milenar processo interno em cada ser humano e em toda a espécie. Esse processo leva uma direção evolutiva que não poderá ser detida por quatro prepotentes vestidos de Rambo, nem por quatro aves de rapina especulando na banca, nem por quatro obsequentes formadores de opinião, e nem ainda por milhões de indiferentes entretidos na sua insignificante vidinha individual.

Porque a indiferença começará a doer, como doem as correntes ao que faz força para libertar-se, como apertam os sapatos ao menino que está crescendo. E a esse novo ser que está nascendo, começarão a ficar pequenas as roupagens deste sistema inumano, e já não o motivarão os velhos e grosseiros desejos.

Alguém disse uma vez, no meio da montanha: "...Há desejos mais grosseiros e desejos mais elevados. Eleva o desejo, supera o desejo!, que você haverá seguramente de sacrificar com isso a roda do prazer mas também a roda do sofrimento." Essas palavras, ditas por Silo há 37 anos em Punta de Vacas, hoje têm mais vigência que nunca.


Em algum momento, a cada vez mais pessoas repugnará sua própria obsecuencia, sua submissão, sua ambição e sua violência. Os desejos grosseiros perderão seu encantamento, porque e o sofrimento que lhes corresponde tornar-se-á insuportável. E só se encontrará um remanso no reencontro do ser humano com suas verdadeiras necessidades, e com o vôo de seu reconfortado espírito. Será mais prazerosa a solidariedade que o egoísmo, a comunicação que a concorrência, a satisfação da necessidade que o consumismo, a amizade que a violência.

Então, os vendedores de lixo já não terão compradores. Os chantagistas já não terão débeis a quem chantagear. Os violentos não terão quem os siga nem quem lhes tema. Os mentirosos não terão quem acredite neles.

Nada deste sistema ficará em pé quando se elevar o desejo. E isso ocorrerá indefectivelmente, porque "não somos um bólido que cai, mas uma brilhante seta que voa para os céus" (citando novamente a Silo).

Esperemos que não sejam necessários grandes desastres, para que se acelere a rejeição ao sistema atual. Esperemos que o crescimento interno do ser humano debilite o mais rápido possível os alicerces desta armadilha mortal. Mas além de esperar, trabalhemos para que isso ocorra.

Claro que tudo isto é muito difícil de explicar desde as teorias economicistas, para as que seguramente resultará "pouco sério", misturar a "objetividade dos temas da economia", com a subjetividade dos temas do espírito.

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26 junho 2008

Marcha Mundial por um Mundo sem Guerras

FOLHETOS EXPLICATIVOS DA MARCHA
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25 junho 2008

Protesto cobre redução da tarifa de energia em Suzano

Protesto cobra a tarifa social da Bandeirante Energia em Suzano

Matéria publicada na edição: 7989
Data de:25/06/2008l
 
leia na íntegra:

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PRÓXIMA REUNIÃO DA MARCHA MUNDIAL DAS MULHERES

 
PRÓXIMA REUNIÃO DO COMITÊ ESTADUAL DA MMM-SP
QUINTA-FEIRA, DIA 26 DE JUNHO DE 2008
HORÁRIO: 18 HORAS
LOCAL: CIM - PRAÇA ROOSEVELT, 605, CENTRO, SP (ao lado da Igreja da Consolação)
 
 
Queridas companheiras,
 
A próxima reunião da MMM/SP será na quinta-feira, 26 de junho, às 18 horas no CIM. Proposta de pauta:
  • Seguimento dos encaminhamentos tirados na plenária dos dias 07 e 08/06/2008
(anexo vai o relato da última plenária da MMM, qualquer complemento ou correção são bem vindos)
 
REUNIÃO DO COMITÊ ESTADUAL DA MMM
DIA 26 DE JUNHO(quinta-feira)
HORÁRIO: 18:00 horas
LOCAL: CIM - PRAÇA ROOSEVELT, 605, CENTRO, SP (ao lado da Igreja da Consolação).
 
Saudações feministas,
 
Comitê Estadual da MMM

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