Martin Luther King (1929-1968)
Martin Luther King (Junior) foi um pastor evangélico e ativista político estado-unidense (Atlanta, 15 de janeiro de 1929 - Memphis, 4 de abril de 1968). Pertencente à Igreja Batista, se tornou um dos mais importantes líderes activistas pelos direitos cívicos e do movimento negro nos Estados Unidos e no mundo, através de uma campanha de não-violência e de amor para com o próximo. Recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1964.
Nascido em Atlanta, filho de Martin Luther King (pai) e Alberta Williams King, ele viria a se graduar no Morehouse College, em 1948, e doutorar-se no Seminário Teológico Crozer, em 1951. Em 1955 obteve um pós-doutorado na Universidade de Boston.
King se tornou pastor em 1954, em Montgomery, Alabama. Co-liderou o boicote aos ônibus naquela cidade em 1955, que começou com a recusa de Rosa Parks em ceder seu lugar para um branco. Ele foi preso durante a campanha, que se encerrou com a decisão da Suprema Corte Americana em tornar ilegal a segregação nos ônibus locais.
Depois dessa batalha, Martin Luther King participou da fundação da Conferência de Liderança Cristã do Sul (CLCS, ou em inglês, SCLC, Southern Christian Leadership Conference), em 1957. A CLCS deveria organizar o ativismo em torno da questão dos direitos civis. King manteve-se à frente da CLCS até sua morte, o que foi criticado pelo mais democrático e mais radical Comitê Não-Violento de Coordenação Estudantil (CNVCE, ou em inglês, SNCC, Student Nonviolent Coordinating Committee). O CLCS era composto principalmente por comunidades negras ligadas a igrejas Batistas. King era seguidor das idéias de desobediência civil não-violenta preconizadas por Mohandas Gandhi (líder político indiano), e aplicava essas idéias nos protestos organizados pelo CLCS. King acertadamente previu que manifestações organizadas e não-violentas contra o sistema de segregação predominante no sul dos EUA, atacadas de modo violento por autoridades racistas e com ampla cobertura da mídia, iriam criar uma opinião pública favorável ao cumprimento dos direitos civis; e essa foi a ação fundamental que fez do debate acerca dos direitos civis o principal assunto político nos EUA a partir do começo da década de 1960.
Ele organizou e liderou marchas a fim de conseguir o direito ao voto, fim da segregação, fim das discriminações no trabalho e outros direitos civis básicos. A maior parte destes direitos foi, mais tarde, agregada à lei estado-unidense com a aprovação da Lei de Direitos Civis (1964), e da Lei de Direitos Eleitorais (1965).
King e o CLCS escolheram com grande acerto os princípios do protesto não-violento, ainda que como meio de provocar e irritar as autoridades racistas dos locais onde se davam os protestos - invariavelmente estes últimos retaliavam de forma violenta. O CLCS também participou dos protestos em Alabany (1961-2), que não tiveram sucesso devido a divisões no seio da comunidade negra e também pela reação prudente das autoridades locais; a seguir participou dos protestos em Birmingham (1963), e do protesto em St. Augustine (1964). King, o CLCS e o CNVCE uniram forças em dezembro de 1964, no protesto ocorrido na cidade de Selma.
Em 14 de outubro de 1964 King se tornou a pessoa mais jovem a receber o Nobel da Paz, que lhe foi outorgado em reconhecimento à sua liderança na resistência não-violenta e pelo fim do preconceito racial nos Estados Unidos.
Com colabração parcial do CNVCE, King e o CLCS tentaram organizar uma marcha desde Selma até a capital do Alabama, Montgomery, a ter início dia 25 de março de 1965. Já havia ocorrido duas tentativas de promover esta marcha, a primeira em 7 de março e a segunda em 9 de março.
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Na primeira, marcharam 525 pessoas por apenas 6 blocos; a intervenção violenta da polícia interrompeu a marcha. As imagens da violência foram transmitidas para todo o país, e o dia ganhou o apelido de Domingo Sangrento. King não participou desta marcha: encontrava-se em negociações com o presidente estado-unidense, e não deu sua aprovação para a marcha tão precoce.
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A segunda marcha foi interrompida por King nas proximidades da ponte Pettus, nos arredores de Selma, uma ação que parece ter sido negociada antecipadamente com líderes das cidades seguintes. Este ato tresloucado causou surpresa e indignação de muitos ativistas locais.
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A marcha finalmente se completou na terceira tentativa (25 de março de 1965), com a permissão e apoio do presidente Lyndon Johnson. Foi durante esta marcha que Stokely Carmichael (futuro líder dos Panteras Negras) criou a expressão "Black Power".
Antes, em 1963, King foi um dos organizadores da marcha em Washington, que inicialmente deveria ser uma marcha de protesto, mas depois de discussões com o então presidente John F. Kennedy, acabou se tornando quase que uma celebração das conquistas do movimento negro (e do governo) - o que irritou bastante ativistas mais radicais e menos ingênuos.
A partir de 1965 o líder negro passou a duvidar das intenções estadounidenses na Guerra do Vietnã. Em fevereiro e novamente em abril de 1967, King fez sérias críticas ao papel que os EUA desempanhavam na guerra. Em 1968 King e o SCLC organizaram uma campanha por justiça sócio-econômica, contra a pobreza (a Campanha dos Pobres), que tinha por objetivo principal garantir ajuda para as comunidades mais pobres do país.
Também deve ser destacado o impacto que King teve nos espetáculos de entretenimento popular. Ele conversou com a atriz negra do seriado Star Trek original, Nichelle Nichols, quando ela ameaçava sair do programa. Nichelle acreditava que o papel não estava ajudando em nada sua carreira e que o estúdio a tratava mal, mas King a convenceu de que era importante para o negro ter um representante num dos programas mais populares da televisão.
Martin Luther King era odiado por muitos segregacionistas do sul, o que culminou em seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis. James Earl Ray confessou o assassinato, e anos depois repudiou sua confissão. A viúva de King, Coretta Scott King, junto com o restante da família do líder, venceu um processo civil contra Loyd Jowers, um homem que armou um escândalo ao dizer que lhe tinham oferecido 100 mil dólares pelo assassinato de King.
Desde sua morte, a reputação de King cresceu tanto a ponto de tornar seu nome um dos mais reverenciados na história estado-unidense; chega a ser colocado como o equivalente a Abraham Lincoln do século XX. Os defensores desta comparação dizem que ambos foram líderes de grandes avanços na aquisição de direitos humanos - contra grandes dificuldades - e ambos tiveram o mesmo fim, assassinados pela causa que defenderam.
Existem diversos escritos e discursos de Martin Luther King, frutos de sua longa experiência como pregador. Sua Carta da Prisão de Birmingham, escrita em 1963, é uma descrição apaixonada de sua cruzada por justiça.
Em 1986 foi estabelecido um feriado nacional nos EUA para homenagear Martin Luther King, o chamado Dia de Martin Luther King - sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário de King. Em 1993, pela primeira vez, o feriado foi cumprido em todos os estados do país.
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Bibliografia e referências
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GARROW JR., David. The FBI and Martin Luther King. New York : Penguin Books, 1981. ISBN 0140064869
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BENNETT, Lerone. What manner of man; : a biography of Martin Luther King, Jr. New York : Pocket Books, 1968
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BRANCH, Taylor. Parting the waters : America in the King years. New York : Simon and Schuster, 1989
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