23 setembro 2008

Comissão da reitoria da UERJ abre negociação com estudantes acampados, mas não avança no diálogo

Fonte: Agência Petroleira de Notícias (www.apn.org.br)


A ocupação da reitoria da UERJ pelos estudantes, iniciada em 10 de setembro, começa a surtir efeitos. Além da visibilidade para os problemas da universidade e da mobilização da comunidade acadêmica, a administração da instituição começa a se abrir para o diálogo. Na manhã de hoje, segunda, dia 22, a reitoria enviou uma comissão para negociar com os acampados, mas essa primeira reunião não teve qualquer avanço significativo.

A lista de reivindicação estudantil é extensa, porém, o coordenador do Diretório Central dos Estudantes da UERJ, Guilherme Pimentel, destaca três pontos: construção do bandejão; viabilização dos ônibus inter-campi; e a garantia de que 6% da arrecadação do Governo do Estado fosse destinada à universidade como está previsto na Constituição Estadual. Tal financiamento não é efetivado porque o governador Sérgio Cabral conseguiu uma liminar junto ao Supremo Tribunal que lhe permite investir menos.

- Pior é que dinheiro para o bandejão tem! Ano passado aprovamos na Assembléia Legislativa uma emenda para esse fim, mas até agora nada. E o reitor não recebe os estudantes, não nos passa nenhum informe do destino desse recurso. Só decidimos fazer essa ocupação depois de esgotar todos os espaços de diálogo – explica o estudante de Direito Guilherme Pimentel.

A reitoria, local da ocupação, está com a luz cortada desde domingo. A administração da universidade alega que esse é um procedimento padrão nos fins de semana.  Os estudantes não entendem porque de todos os prédios só a reitoria continua sem energia até a tarde dessa segunda.

A UERJ está com 80% dos professores parados. Cursos inteiros deliberam por adesão ao movimento, muitos de áreas com pouca tradição de participação em greve, como o Direito e a Educação Física. A Faculdade de Formação de Professores (FFP, que fica em São Gonçalo) e o Colégio de Aplicação, ambos unidades da UERJ, decidiram em assembléia paralisar todas suas atividades e já encaminharam moção de apoio à ocupação.

Segue abaixo texto extraído do blog dos acampados. Mais informação sobre a ocupação acesse http://uerjocupada.blogspot.com



Para os estudantes, bebedouro quebrado; para o reitor, água perrier

Os estudantes decidiram ocupar a reitoria para denunciar as condições precárias em que se encontra a UERJ. Uma caminhada por seus andares revela fiações expostas, buracos no chão, água suja nos bebedouros, ausência de equipamentos de segurança (que se existissem teriam impedido o incêndio do ano passado). Mas não só. Os estudantes também denunciam a privatização do espaço da Universidade Estadual do Rio de Janeiro, financiada com dinheiro do contribuinte fluminense: existem cursos de línguas pagos funcionando a pleno vapor e pelo menos dois caixas eletrônicos do banco Itaú estão dentro da unidade Maracanã. Segundo os estudantes, foram encontradas documentos referentes ao aluguel desses dois caixas eletrônicos no valor de R$ 30 mil sobre a mesa do reitor. Na pauta de reivindicações encontram-se ainda: o cumprimento do artigo 309 da Constituição Estadual, que determina a aplicação na UERJ de 6% da receita líquida do Estado; construção de bandejões; ônibus intercampi; concurso para professores e técnicos administrativos e carga horária presencial nos cursos de graduação. Por fim, uma reclamação de muitos estudantes é que o reitor não recebe os integrantes do DCE. Segundo integrantes da Ocupação, o reitor Ricardo Vieralves é do PT. O fato é que Vieralves foi secretário estadual de Ciência e Tecnologia da governadora Benedita da Silva (PT), em 2002. Você, caro leitor, viu essas demandas sendo divulgadas pelas corporações de mídia?

Segundo a estudante Fabiane Simão, a reitoria adotou a tática da desqualificaçã o. "Começaram a lançar notas no Globo, no Globo Online, nos chamando de vândalos e invasores, entre outras coisas" (veja no vídeo abaixo). Além desta forma de truculência, os agentes do governo também teriam optado pela intimidação judicial.
Segundo os relatos dos estudantes, Maurício Mota, diretor jurídico da UERJ, articulou três processos contra o DCE enquanto instituição e contra alguns estudantes, individualmente. As ações são de reintegração de posse, interdito proibitório e civil pública. Os estudantes acreditam que vão conseguir reverter as ações. E denunciam: "Na USP, a reitoria levou 20 dias para mover uma ação como essa". Na UERJ de Sérgio Cabral (PMDB), só levaram dois.

Esta já é a ocupação mais longa da reitoria da UERJ, em toda a história da universidade. Na noite desta sexta-feira, os estudantes decidiram, em assembléia, manter a ocupação por tempo indeterminado. Além disso, a reunião deliberou que as pautas prioritárias durante a negociação com a reitoria são: 1) bandeijão; 2) ônibus intercampi; 3) concurso para professores e técnicos administrativos; 4) carga horária presencial para a graduação. Além disso, ficou decidido que a retirada das ações contra os estudantes é condição prévia para qualquer negociação.



www.apn.org.br

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