O MRNV nasce inspirado na vida de três grandes almas: Mahatma Gandhi, Martin Luther King Jr. e SILO. E também em todos os lutadores anônimos que dedicaram suas vidas a revolução não-violenta.
Recordamos as palavras pronunciadas em 4 de Maio de 2004, em Punta de Vacas, Argentina: "Nós os que não somos escutados, trabalharemos a partir de hoje, em todas partes do mundo, para pressionar aos que decidem, para difundir os ideais de paz com base a metodologia da não-violência, para preparar o caminho dos novos tempos".
A violência e o momento histórico atual
A história da não-violência tem poucos registros se comparada com a história da violência e das guerras. Mas talvez esta diferença se deva mais ao ponto de vista dos historiadores do que a falta de situações e acontecimentos não-violentos. Sentimos a necessidade de historiadores que realmente valorizem a não-violência e que pesquisem seus métodos e técnicas, assim como de lutadores sociais que a experimentem e que a difundam. Tais estudos e experimentos contribuiriam para aumentar a prática eficaz e expandir o potencial politico-revolucionário da Não-violência.
O momento histórico mudou e é necessário levá-lo em conta para explicar os fenômenos atuais e futuros. Estamos numa nova situação histórico-social.
Um fermento de religiosidade cruza todo o planeta, agora sem o freio da racionalidade e da autocensura. É um momento muito especial onde esses impulsos profundos podem traduzir-se com bondade ou podem cair num campo de violência e confusão apto para o surgimento de fundamentalismos crescentes, choques de culturas e conflitos sociais.
No campo político o neoliberalismo vai perdendo vigência e está abrindo espaço para os neofascismos, a concentração econômica e o autoritarismo.
Neste cenário está aparecendo uma nova geração que se expressará, como é próprio na dinâmica geracional, com dialética e com choque. Geração que já começou a irromper recentemente, em diferentes conflitos, na França e no Chile.
No Brasil, percebemos o aumento da violência em todos os âmbitos e um importante descontentamento e desilusão geral. Em São Paulo, uma quadrilha organizada conseguiu atemorizar milhões de pessoas numa paralisação total do estado ocorrida em maio. A população tem medo dos bandidos e desconfia do estado, da polícia e das instituições. Experimenta-se que o sistema não avança e não serve mais. É um momento muito adequado para gerar novas referências.
Se nos posicionarmos bem, se dermos potentes sinais de modo que as pessoas possam nos encontrar, se sairmos fortemente com não-violência aos conflitos do meio social, nos converteremos rapidamente numa forte opção de luta social para os povos do Brasil e da América Latina.
A Metodologia do Não-violência
A não-violência é uma grande filosofia de vida e uma metodologia de ação que desde sempre tem se inspirado em profundas convicções morais e religiosas e que hoje se apresenta como a única resposta coerente a esta espiral de violência que nos rodeia.
Sobre a não-violência podemos afirmar:
1) Este não é um método para covardes: é uma resistência. Aquele que resiste não-violentamente se opõe ativamente contra as injustiças e desigualdades. Este método é não-agressivo no sentido em que não é agressivo fisicamente contra o opositor.
2) A resistência não-violenta não busca vencer nem humilhar ao oponente, mas sim ganhar sua amizade e compreensão. Aquele que resiste não-violentamente deve expressar seu protesto através da não-cooperação ou boicotes, mas se dá conta que a não-cooperação e que os boicotes não são um fim em si mesmos; são simplesmente um meio para despertar o sentido de vergonha moral no oponente. O fim é a redenção e a reconciliação.
3) Neste método, o ataque se dirige para combater e revolucionar as estruturas sociais e os valores deste sistema, ao invés de atacar as pessoas que estão atrapalhadas por acreditar nessas estruturas e valores. É este sistema imoral e injusto que buscamos vencer, não as pessoas vitimizadas por ele.
4) A resistência não-violenta evita não só a violência física externa, mas também a violência interna do espírito. No coração da não-violencia se ergue o princípio do amor. Na luta pela dignidade humana, os oprimidos do mundo não devem se permitir ressentir-se nem se envolver em campanhas de ódio. Vingar-se com ódio e ressentimento só conseguirá intensificar o ódio no mundo. Ao longo do caminho da vida, alguém deve ter a suficiente bondade e força moral para cortar a cadeia do ódio. Isto só pode ser alcançado projetando a ética do amor para o centro de nossas vidas e dos que estão ao nosso redor.
Táticas de ação:
Algumas possíveis classificações:
Ação direta
Protesto e persuasão
Não-cooperação
Desobediência Civil
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Métodos de ação direta – ações na justiça, ocupações pacíficas de locais proibidos, invasões de locais públicos, acampamentos, vigílias, aparições inesperadas em eventos públicos, palestras e conferências de imprensa.
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Métodos de Protesto e Persuasão – denúncias, declarações públicas, discursos de protesto, comunicações massivas, atos públicos simbólicos, pressão sobre as autoridades, teatro e música, procissões, peregrinações, caravanas, fóruns e assembléias públicas, votações paralelas, retiradas e reuniões.
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Métodos de Não-cooperação Social - boicotes, greves, fuga, suspensão de atividades sociais e desportivas, vazio ao poder estabelecido, refugio e emigrações.
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Métodos de Não-cooperação Econômica – greves, boicotes, difusão de listas negras de empresas e ou de produtos, listas de negras de políticos corruptos, utilização de moedas paralelas, retiradas de depósitos bancários.
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Métodos de Não-cooperação Política - rechaço a autoridade, negar-se a votar ou a pagar impostos e desobediência civil.
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Métodos de Intervenção Não-violenta – Jejuns e greves de fome, tomadas de edifícios, invasões de terras, obstruções de ruas, avenidas e estradas, sistemas alternativos de comunicação e transporte, mercados paralelos, congressos e votações populares.
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Desobediência Civil – consiste em desobedecer a leis injustas.
Escalas de ação:
A não-violência pode ser aplicada em diferentes escalas, desde pequenos conflitos em bairros, escolas, locais de trabalho até conflitos sociais mais amplos que envolvam cidades, estados e nações inteiras.
O que a torna eficaz não é o número de pessoas envolvidas, podemos ter pequenas equipes táticas bem treinadas, especializadas e muito eficazes em solucionar conflitos pontuais.
Já para transformações estruturais e revoluções sociais não basta coragem isolada, a luta precisa ser coletiva e organizada. E para ser viável e eficaz precisa se basear em três pontos:
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Organização de um movimento nacional e internacional
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Estratégia e táticas em vista de alcançar objetivos políticos e não somente humanitários.
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Elaboração de um projeto de sociedade diferente da sociedade capitalista.
Propostas
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Resgatar e registrar conflitos, casos e situações no Brasil que foram solucionados através de táticas de ação não-violenta.
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Preparar um manual prático para ser aplicado em diferentes situações de conflitos e em diferentes escalas.
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Produzir vídeo-aulas e animações multimídia com treinamentos e capacitação em ações diretas, não-cooperação e desobediência civil.
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Organizar ações diretas simultâneas em várias cidades e estados do país.
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Unir outras organizações e grupos numa frente de ação revolucionária que tenha grupos permanentes de estudo e treinamento, em toda América Latina.
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Apoiar outros movimentos, frentes de ação e organizações empregando e difundindo as táticas de N.V. conforme o conflito que surgir.
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Referenciar socialmente 03 guias como modelos de conduta pessoal: Gandhi, Luther King Jr e SILO.
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