Possivelmente muitas pessoas conhecem, ou no mínimo imaginam, o potencial destrutivo dos arsenais nucleares distribuídos hoje no planeta, capazes de fazê-lo explodir várias vezes.
Possivelmente muitas pessoas conhecem, ou pelo menos imaginam, que nenhum país do mundo, mesmo que não fosse o alvo direto de um ataque nuclear, ficaria a salvo das terríveis conseqüências do mesmo.
Mas o que seguramente a maioria das pessoas não conhece nem se atreve a imaginar, é que a possibilidade de concretização de tais ataques, está neste momento mais próxima que nunca. Se caíssem em conta disto, se tomassem consciência da gravidade da situação, este tema passaria a ser uma preocupação central.
Estamos dizendo que chegou a hora que os povos saiam às ruas para mudar o rumo dos eventos, que até hoje, sob o descontrole de governos irresponsáveis, nos estão levando aceleradamente para o desastre nuclear.
Seguramente alguns pensam equivocadamente, que o genocídio de Hiroshima e Nagasaki foi uma fatalidade irrepetível do passado, ou que o perigo de uma conflagração nuclear concluiu quando acabou a Guerra Fria. No entanto, durante todo este tempo, os arsenais nucleares não somente foram crescendo em quantidade e potencial destrutivo, mas se foram sofisticando e proliferaram, ao ponto tal de poder chegar a serem utilizados por uma variedade muito ampla de dementes. Hoje, tanto os governantes dos denominados “países sérios” (principais fabricantes de armas), como os daqueles países catalogados como “pouco sérios”, como também algumas organizações terroristas, podem chegar a utilizar estas armas em qualquer momento. E não somente podem, mas já manifestaram, explícita ou implicitamente, suas intenções de fazê-lo.
O desdobramento de um escudo estelar na Europa, por parte de USA e seus aliados, não tem outra finalidade que preparar-se para um contra-ataque (o que significa que se está pensado em atacar a alguém). Certa vez se pensou, que com a queda do Muro de Berlim, se entraria em uma “Nova Ordem Mundial”, onde as hipóteses de conflitos bélicos diminuiriam sensivelmente. Uma vez derrotado o “vilão comunista”, a paz e a prosperidade dominariam no paraíso do “fim da história”. Em troca disto, fomos desembocando em uma “Nova Desordem Mundial”, onde os choques culturais, os fanatismos religiosos, os separatismos, a xenofobia, e a desordem provocada pelo capitalismo globalizado, multiplicaram o caos e a violência.
A prepotência de USA e seus aliados, para impor um modelo cultural e econômico hegemônico, não somente gerou os desastres próprios da aplicação de tal modelo, mas, além disso, gerou reações violentas de toda índole. O crescente apoio popular a líderes belicistas, e a multiplicação do terrorismo, são algumas das reações que se vem produzindo em muitos povos que se sentem pisoteados pelo denominado “Primeiro Mundo”. Hoje a humilhação cultural, a falta de futuro e a submissão econômica, estão produzindo um crescente exército de seres que sentem que já não têm nada que perder, e que estão totalmente dispostos a imolar-se em um atentado terrorista contra qualquer objetivo, que para eles represente a esse “primeiro mundo” de uns poucos privilegiados.
Frente a estas reações, longe de retroceder na sua prepotência, os poderes centrais as utilizam como pretexto para atribuir-se o direito a intervir militarmente qualquer país, com o argumento da “luta contra o terrorismo” e a “defesa da democracia”, ao mesmo tempo que se vão instalando em territórios ricos em recursos energéticos. Sem dúvida que esta política não faz outra coisa que potenciar novas reações, em um círculo vicioso de violência que nos levará ao desastre.
Mas a este hoje, por si só terrível, pode seguir-lhe um amanhã muito pior. Porque o atual colapso financeiro internacional, que não é mais que o estrondo de um sistema econômico que caiu faz tempo, potencializará ainda mais a violência e a desordem, pondo à humanidade à beira da catástrofe nuclear.
A formidável crise econômica atual, valha dizê-lo, foi total responsabilidade dos “países sérios”, e não foi prevista por seus “sisudos analistas e formadores de opinião”. Isto nos faz suspeitar, que um futuro desastre nuclear, dificilmente será previsto ou controlado a tempo, por semelhantes irresponsáveis e ineficientes personagens, que se atribuem o direito de conduzir o mundo.
Desta vez a humanidade não pode permitir-se um novo “desenlace natural violento”, como nas duas grandes guerras mundiais do século XX, como conseqüência da interação das desordenadas forças do poder econômico, e da violência dos exércitos imperiais, ou do terrorismo. A humanidade não pode permitir-se um novo desenlace bélico. Em primeiro lugar, porque de uma vez por todas é necessário colocar-se de pé e sair da pré-história humana. E em segundo lugar, porque a proliferação nuclear combinada com a desordem e violência crescentes, devesse fazer-nos lembrar aquela frase de Einstein: “Não sei com que armas se lutará na terceira guerra mundial, mas sim sei com quais o farão na quarta guerra mundial: paus e pedras”.
O que fazer
É muito o que é preciso transformar para superar a violência em todos seus aspectos: a violência física, a violência racial, a violência psicológica, a violência religiosa, a violência econômica, e tantos tipos de violência que existem na sociedade.
Mas para iniciar um definitivo processo de mudanças, e para chegar a tempo com as soluções, é prioridade número um desativar a bomba-relógio que hoje está a ponto de explodir.
E para desativar essa bomba-relógio, é imprescindível começar já mesmo com o desarmamento nuclear de todos os países que possuem esse tipo de armas, e é condição necessária a imediata retirada das tropas invasoras dos países ocupados.
Nada será possível se não se começa por isso.
A força dissuasiva das armas nucleares, que durante a Guerra Fria servia para manter um delicado equilíbrio entre as duas superpotências, hoje serve para impor determinadas regras de jogo internacionais. Mas na medida em que os centros de poder sintam que perdem o controle e a hegemonia internacional no político e o econômico, acharão necessário fazer gala de seu poder destrutivo, para que o mundo volte a estar sob seu domínio. E a conseqüência necessária de tudo isso será um maior recrudescimento e globalização do terrorismo
Por isso é necessário que as potências nucleares sejam as primeiras a dar o exemplo e retroceder na carreira da violência e o armamentismo. E isso não é outra coisa, em primeiro lugar, que desmantelar os arsenais nucleares e retirar-se já mesmo dos territórios ocupados.
Isso é o que deveriam fazer os governos. Mas já sabemos que neste sistema de democracias formais e mentirosas, rara vez os governos fazem o que os povos necessitam. Exceto que os povos se ponham de pé para exigi-lo, e para mudar aos governantes de ser necessário. Portanto, quando falamos do que se deve fazer, melhor deveríamos dizer que é o que os povos devem exigir aos governos que estes façam.
Sem dúvida que os povos dos países que possuem armas nucleares tem um grande desafio. Começando pelos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas (supostos fiadores da paz), e que são USA, China, Grã-Bretanha, a Rússia e a França; acompanhados pelo resto do clube nuclear: Paquistão, a Índia, Israel e a Coréia do Norte.
Mas, para que os governos desses países desmantelem seus arsenais nucleares, e para que nenhum outro país os construa, será necessário fazer ouvir o clamor de todos os povos do mundo. Porque todos os habitantes do planeta somos reféns da ameaça nuclear, e reclamamos nosso direito a viver em paz e liberdade, e não se vive em liberdade quando se vive ameaçado.
E sem dúvida que a partir do desarmamento nuclear e da retirada das tropas dos territórios ocupados, deveria iniciar-se um desarmamento geral progressivo de todo tipo de armamentos. É preciso re-converter a indústria bélica, a indústria da morte, em uma indústria para a vida. Basta dizer que com 10% do orçamento mundial destinado às armas, se poderia resolver a fome em todo o planeta.
E, sem dúvida, quando a ameaça da guerra e a destruição se afastarem, haverá que falar também de ir resolvendo de modo não-violento, os problemas de injustiça, de pobreza, de saúde, de educação, do meio ambiente, e tantos outros, desde a óptica de um Humanismo Universalista.
Mas sabemos que a construção de uma Nação Humana Universal, começa pela paz e a não violência ativa.
A Marcha Mundial pela Paz e a Não-Violência
Pela primeira vez se realizará uma marcha através de aproximados 100 países, partindo no dia 2 de outubro de 2009 (Dia internacional da Não-Violência) desde a Nova Zelândia, culminando no dia 2 de janeiro de 2010 na Argentina (Punta de Vacas-Mendoza) . Durante três meses serão realizadas em quase todo o mundo, marchas por cidades, festivais, foros, conferências, e todo tipo de eventos que sirvam para conscientizar os povos sobre a imperiosa necessidade do desarmamento nuclear, da retirada de tropas de ocupação, e de trabalhar para terminar com todo tipo de violência no mundo. Mas, embora esta Marcha Mundial tenha um prazo formal de duração, podemos dizer que as atividades relacionadas com seus objetivos já começaram, e continuarão multiplicadas além do 2010, como um fenômeno que não se deterá até alcançar o desarmamento e a paz no mundo.
Esta Marcha Mundial se realizará para denunciar a perigosa situação mundial que nos está levando para a guerra nuclear, para que milhões de pessoas nas ruas façam com que se escute o que desde o poder se quer silenciar. Para que a humanidade tome consciência do perigo nuclear, e a partir dali questione as políticas armamentistas e violentas de alguns governos, e condene o silêncio cúmplice de outros.
Assim como os violentos globalizaram sua irracionalidade e hoje todo o mundo está ameaçado por eles, assim também a resposta dos povos deve ser mundial, deve abranger a todos os países, deve envolver a todos os povos, porque a vida é de todos.
30 dezembro 2008
A possibilidade de um desastre nuclear
Postado por
Humanistas
às
9:43 AM
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