30 maio 2011

Maio Espanhol: “Eles não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir”

"Eles não nos deixam sonhar, não os deixaremos dormir"
por Israel Dutra

A morte de Bin Laden e a prisão de Strauss-Kahn trouxeram à tona mais incertezas no complexo cenário mundial. Contudo, um elemento novo, surpreendeu a todos. A irrupção do movimento de "indignados" em Madrid acelerou ainda mais a história. Seguido por quase 200 manifestações em todo o território espanhol, mobilizou centenas de milhares de pessoas no país. O "15-M"[alusivo a data da primeira manifestação] rompeu a apatia do calendário eleitoral espanhol.



Em pleno 2011, temos um novo Maio na Europa. A juventude e o movimento dos "indignados" estão construindo uma ponte com as revoluções do mundo árabe e a luta do povo da Islândia contra os bancos e a crise. Foram manifestações que tomaram as praças centrais de Barcelona, Valencia, Granada, Sevilha, organizando acampamentos permanentes, com decisões assembleístas, atividades diárias, intervenções artísticas. Mesmo proibidos, centenas de milhares de pessoas, no dia da eleições[22 de março] desafiaram o Supremo Tribunal e tomaram as ruas de todo o país. Uma semana em que a Espanha respirou sua nova primavera política.

A mobilização da "Puerta del Sol"[1] trouxe, como bem afirmou Pedro Fuentes, a praça Tahrir para o coração da Europa.


A geração # : à rasca, sem futuro e indignada

As bases fundamentais para a mobilização da Puerta del Sol que se alastrou por toda Espanha combinam dois elementos: os efeitos cada vez mais duros da crise econômica e a marginalização política, efeito do regime controlados por uma partidocracia. A juventude que se expressa nas praças tem constantemente recebido o "não" como resposta. Não há vagas, não há lugar para intervir politicamente,não há moradia digna, não há educação de qualidade, não há possibilidades, não há futuro. A elite social e política espanhola, controlada pelo bipartidarismo a serviço dos bancos fez "ouvidos moucos" durante muito tempo. Agora o barulho é ensurdecedor.

A relação que existe com os processos de mobilização recente do mundo árabe é direta. Não apenas pela eficácia das convocações que, burlando os mecanismos "oficiais", ocorreram via as redes sociais e formas de comunicação alternativa. A identidade é bem maior. Nas praças da Espanha se podia ouvir referencias tanto a Praça Tahrir quanto a Islândia[país que aprovou o não pagamento de dívida com bancos em dois referendos populares]. Solidários na precarização, solidário na luta. Como referência aos islandeses, que protestaram por um ano durante todos os sábados, os manifestantes cantavam: "Espanha em pé, uma Islândia é".

Segundo dados oficiais, a Espanha atravessa uma condição histórica de desemprego: ultrapassa os 20%, chegando a quase metade da população quando considerados apenas os estratos mais jovens. Os cortes no orçamento atingem em cheio os serviços públicos essenciais. As execuções hipotecárias deixaram quase meio milhão de pessoas sem teto nos últimos anos. Apenas em 2009/2010 foram 270 mil espanhóis que perderam suas casas.

A juventude da Europa está no seu limite enquanto projeto de futuro. Há uma terrível curva descendente na escala da mobilidade social. Os filhos e netos não terão condições de competir no mercado e manter o nível de vida das gerações anteriores. A face portuguesa deste movimento se manifestou da mesma forma, espontânea e radicalizada, na manifestação do último 12 de março. Convocada por meios alternativos como o Facebook, a manifestação reuniu a juventude que se autodenomina "Geração à rasca" [alusão a condição precária da juventude portuguesa]. O 12-M foi a maior manifestação deste país desde a Revolução dos Cravos. Os protestos renderam ampla repercussão, precipitando a queda de Sócrates. A juventude tomou a cena em Portugal. O escritor Mia Couto analisou da seguinte forma:

"Eis agora uma geração jovem altamente qualificada, que andou muito por escolas e universidades mas que estudou pouco e que aprendeu e sabe na proporção do que estudou. Uma geração que coleciona diplomas com que o país lhes alimenta o ego insuflado, mas que são uma ilusão, pois correspondem a pouco conhecimento teórico e a duvidosa capacidade operacional."

A nova geração, diplomada e sem perspectiva, conhece violenta e dramaticamente a política. À sua exclusão, social, cultural e econômica responde com uma saída coletiva e indignada. A juventude "Indignada" como seus pares da "Geração à Rasca" e mesmo os "diplomados" da Tunísia são produto direto da crise estrutural do capitalismo.


Nem socialdemocratas, nem conservadores

O movimento "Democracia Real"[ nome da articulação que organizou a convocatória do 15-M] inverte a lógica fria do regime democrático liberal.

Na Espanha, como em Portugal e na Grécia, quem aplica as medidas de austeridade é o Partido Socialista. Foi na gestão de Zapatero, ícone do social-liberalismo que se deram os cortes mais brutais. Para se ter ideia, o governo reduziu 15 bilhões dos gastos do orçamento público.

Além do controle exercido pelo Bipartidarismo na esfera dos postos executivos e legislativos, as organizações sociais e sindicais também são parte da crítica. As duas maiores centrais sindicais são espaços burocráticos e sem representatividade[UGT, CCOO]. No ano passado, o governo impôs o aumento da idade para a aposentadoria- a partir da nova lei, o mínimo será de 67 anos. Também foram privatizados setores como aeroportos e loterias. Tudo em nome da "austeridade fiscal". As entidades sindicais não estabeleceram nenhum plano coerente de lutas. Pressionados pela base, por uma série de greves radicalizadas- como do metrô de Madrid- as direções convocaram uma greve geral em 29 de setembro de 2010. Apesar da condução morna e das atividades dispersas, a greve não foi "protocolar". Grandes jornadas mostraram a disposição de luta dos trabalhadores, dos serviços, das funções públicas e da indústria. Uma vez mais, as centrais apresentaram seu caráter nefasto, não encaminharam nenhuma nova luta ou paralisação, acabando por aceitar a proposta do governo como um "mal menor". Todos passos foram dados sem consultar as bases sindicais. O legítimo "pacto de cúpula".

A irrupção da juventude, seguida por muitos trabalhadores, aposentados e setores da socidade civil não seguiu nenhum "script". O Movimento Democracia Real desconheceu as "cúpulas" e direções sindicais. Os "políticos tradicionais" também foram atropelados pela ânsia de mudanças.

A proibição por parte do Supremo Tribunal das manifestações nos dias 21 e 22[véspera e data das eleições municipais] só demonstra a insensibilidade do Estabilshment. Os protestos se reproduziram de forma ainda mais massiva.

O resultado da eleição foi custoso para Zapatero. Uma derrota histórica. Os socialistas perderam em toda a Espanha. Após 32 anos, o Partido Socialista perdeu o governo de Barcelona. Os resultados de Bildu- coalizão da esquerda independentista no País Basco- afirmam que não é uma derrota de toda a "esquerda". Quem sai derrotada é a fração majoritária da esquerda, que há muito aderiu ao social-liberalismo. O elevado número de votos nulos e brancos também é um sinal nesta direção. A lição das urnas, em que pese a vitória dos conservadores como produto do desgaste do PSOE, só confirma o que dizem as praças: o que se vive na Espanha é um simulacro de democracia.

O recurso à insurreição

O difícil quadro político poderia levar ao ceticismo? As praças da Espanha afirmam o contrário. Além de resistir contra as medidas de austeridade e rejeitar esta democracia, o movimento 15-M recorre a um velho método: o da mobilização. Um velho método, aliás, sempre reinventado, de forma criativa e crítica. O dia 15-M restituiu o próprio sentido da política na vida espanhola. Contra aqueles que acusam o movimento de ser "apolítico" vale ressaltar que ali, na praça, em sete dias, se fez uma política concentrada. Uma política que acelerou os tempos históricos. Nada da monotonia dos acordos parlamentares, dos bastidores sindicais, da corrupção legal ou ilegal do Estado. A política na sua forma plena, com conteúdo democrático, a decisão oriunda da coletividade, da Assembleia, da barricada. O "SOL" da praça de Madrid é mais do que uma metáfora. O conteúdo da ideia de "democracia real" é uma demanda atual. Necessária. Como ilustrou bem Atílio Boron, comparando o 15-M com a Comuna de Paris:

"Basta ver os documentos dos "indignados" de hoje para comprovar a assombrosas atualidade com as demandas dos comunardos e o pouco, muito pouco que mudou da política do capitalismo. Os jovens e os nem tão jovens que lotam umas 150 praças na Espanha não são "apolíticos" ou "antipolíticos" como certos setores da imprensa querem fazer crer, são gente profundamente politizada que se levam a sério na promessa da democracia e que, por isso mesmo, se rebelam contra a falsa democracia surgida das entranhas do franquismo e consagrada no tão aplaudido Pacto de Moncloa, exibido como um ato exemplar de engenharia política democrática".

E não apenas a distante Comuna que ressurge nas praças e nos criativos cartazes do 15-M. Também as manifestações do movimento antiglobalização que tiveram lugar na virada do século e as grandes rebeliões da América Latina do mesmo período. A nova geração se une aos antigos lutadores, dando lugar a uma linda confraternização.

Tudo na praça é discutido. O clima de democracia direta e participação ativa é diretamente oposto ao que criticam no modelo oficial. Todas as tardes uma nova assembleia discute os próximos passos, conectando-se com os outros acampados do país. As equipes artísticas garantem apresentação de peças de teatros, exposição de cartazes, debates culturais, exibição de vídeos.

O programa de reivindicações também é discutido: vai desde a taxação das grandes empresas até a incorporação de demandas como habitação, educação, emprego. Um ponto importante é a defesa que o movimento assume dos jovens e trabalhadores imigrantes. Fica claro que "Democracia Real" é bem mais do que um slogan. É um conceito, em construção, que define o "novo", o que está nascendo nas esquinas da Espanha. A força inventiva da coletividade oferece um projeto para salvar a Espanha do caos dos banqueiros e da UE.


Às portas de um novo 1968?

Os desdobramentos do "Maio Espanhol" ainda são imprevísiveis. O fato é que a Espanha entrou de vez numa dinâmica de protestos e mobilização social, a partir do 15-M. Porém, quais passos, quais limites?

O que assistimos nos últimos anos nos países onde aconteceram importantes processo de luta contra planos de ajuste e retirada de direitos foi o desgaste dos governos de turno e sua substituição pela via mais "crível" da oposição. O pêndulo oscila na hegemonia da sociedade e a insatisfação acaba canalizada pela "alternância" eleitoral. Sai o PSOE entra o partido conservador, a alternativa na França de Sarkozy são os Socialistas. Ou seja, uma dinâmica que não consegue superar os limites da luta defensiva e acaba se dispersando no terreno da luta política.

A referência a outro "Maio", o de 68, é fundamental. O "ano das revoluções" foi um marco por conta da singularidade do processo: massivo, combinado e profundo. Massivo porque milhões em todos os continentes, de forma mais ou menos espontanea, mais ou menos sincronizada saíram às ruas para contestar o poder vigente. Combinado porque convergiram inúmeras lutas, desde a luta por um "socialismo com rosto humano" na Primavera de Praga, a luta dentro dos Estados Unidos contra a guerra, nos países latino-americanos, chegando ao questionamento do regime francês, uma democracia européia desenvolvida. E profundo, pois chegou a colocar em xeque o governo, inaguarando a inédita hipótese de crise revolucionária na França.

O movimento atual está longe deste patamar. Contudo, o "fantasma" de 1968 ronda a Puerta del Sol. Uma definição mais cautelosa poderia afirmar que estamos num movimento cuja força potencial está no meio do caminho entre o movimento antiglobalização [iniciado em Seattle em 99] e as lutas de 1968. Mais perto de Seattle do que do maio francês.

O que esperar do futuro imediato destes novos processos? Três fatores nos ajudam a pensar o que pode vir pela frente: a linha do BCE (Banco Central Europeu) tem sido errática para enfrentar a crise da dívida; o fato de que não existe nenhum sinal de recuperação da economia na Europa- a OCDE prevê que a Espanha vai demorar 15 anos para voltar a ter taxas de desemprego idênticas ao período anterior a crise; e por fim, o fator determinante: a capacidade de resistência social aos planos de austeridade.

Não sabemos o que pode passar. Novas manifestações estão convocadas. A tarefa é ampliar e estender os protestos. Ampliar para os trabalhadores e desempregados. Para os Imigrantes. Das praças da Espanha para as praças de toda a Europa. E conectar. Conectar-se com as revoluções árabes, com o exemplo islandês, com a resistência nos outros cantos do mundo. O futuro imediato do 15-M depende da força das mobilizações nos países onde a crise social se encontra em estágios avançados.

A Grécia é o grande vulcão que pode entrar em erupção e dar o esperado "salto de qualidade". No dia 25 de Maio, dezenas de milhares de pessoas cercaram o parlamento grego. Uma bandeira gigante da Espanha abriu a manifestação: "Estamos despiertos, ya es hora que se vayan"

Nas manifestações gregas de 08/09 uma faixa se destacou. Seus dizeres "Povos da Europa, Levantem-se".

Nas manifestações em Madrid e Barcelona outra faixa chamou a atenção. "Neste verão… te convidamos a virar do Avesso o mundo".

Da resposta a este chamado depende o futuro.


[1] A "Puerta del Sol" fica no centro de Madrid e é o quilometro zero de todas as estradas espanholas.

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29 maio 2011

A Rebelião dos Indignados - Notas desde a Praça Tahir de Barcelona.

A rebelião d@s indignad@s. Notas desde a Praça Tahir de Barcelona.

Josep Maria Antentas e Esther Vivas

Já não há duvidas. O vento que eletrizou o mundo árabe nos últimos meses, o espírito dos protestos reiterados na Grécia, das lutas estudantis na Grã Bretanha e Itália, das mobilizações anti-Sarkozy na França... chegou ao Estado Espanhol.

Não são estes, pois, dias de busines as usual. As confortáveis rotinas mercantis de nossa "democracia de mercado" e seus rituais eleitorais e midiáticos se viram abruptamente alteradas pela irupção imprevista nas ruas e no espaço público da mobilização cidadã. Essa "rebelião d@s indignad@s" inquieta as elites políticas, sempre incomodas quando a população leva a sério a democracia...e decide começar a práticá-la por sua conta.

Ha dois anos e meio, quando a crise que estourou em setembro de 2008 se revelou ser de proporções históricas, os "donos do mundo" viveram um breve momento de pânico alarmados pela magnitude de uma crise que não haviam previsto, pela sua falta de instrumentos teóricos para compreendê-la e pelo temor de uma forte reação social. Chegaram então as declarações vazias de "refundação do capitalismo" e os falsos mea culpas que foram evaporando-se pouco a pouco, uma vez atingido o sistema financeiro e frente a ausencia de um estouro social.

A reação social tardou a chegar. Desde o estouro da crise, as resistências sociais foram fracas. Houve uma discrepância muito grande entre o descrédito do atual modelo econômico e sua tradução em ação coletiva. Vários fatores o explicam, em particular, o medo, a resignação frente a situação atual, o ceticismo em relação aos sindicatos, a ausência de referências políticas e sociais, e a penetração entre os assalariados dos valores individualistas e consumistas.

O estouro atual não parte, todavia, do zero. Anos de trabalho em pequena escala das redes e movimentos sociais, de iniciativas e resistências de impacto mais limitado mantiveram a chama da contestação neste período difícil. O 29 de setembro abriu também uma primeira brecha, ainda que a desmobilização posterior das direções de CCOO e UGT e a imprestável assinatura do pacto social fechou a via das mobilizações sindicais e, aprofundou ainda mais o descrédito e desprestígio dos sindicatos majoritários entre a juventude combativa que agora protagoniza os acampamentos.

Indignados e indignadas!

A "indignação", tão em moda através do panfleto de Hessel é uma das idéias-força que definem os protestos em marcha. Reaparece assim, sob outra forma, o "Já Basta" que entoaram os zapatistas em seu levante de 1 de janeiro de 1994, então a primeira revolta contra a " nova ordem mundial" proclamada por George Bush pai após a primeira guerra do golfo, a desintegração da URSS e a queda do muro de Berlim.

"A indignação é um começo. Um se indigna, se levanta e depois já vê", assinalava Daniel Bensaid. Pouco a pouco, todavia, se vai passando do mal estar a indignação e desta para a mobilização. Estamos frente uma verdadeira "indignação mobilizada". Do terremoto da crise, começa a surgir o tsunami da mobilização social.

Para lutar não só se requer mal estar e indignação, também há que acreditar na utilidade da ação coletiva, em que é possível vencer e que nem tudo está perdido antes de começar. Durante anos os movimentos sociais no Estado espanhol vem acumulando derrotas. A falta de vitórias que mostrem a utilidade da mobilização social e façam aumentar as expectativas do possível tem pesado como uma armadilha na lenta reação inicial frente a crise.

Precisamente aí entra a grande contradição das revoluções no mundo árabe e os protestos em curso. Mostram que a ação coletiva é útil, que "sim, se pode". Daí que estas, assim como a menos midiática vitória contra os banqueiros e a classe política na Islandia, tenham sido uma referência desde o começo para as e os manifestantes e ativistas

Junto com o convencimento de que "é possível", de que se podem mudar as coisas, a perda do medo, em um momento de crise e dificuldades, é outro fator chave. "Sem medo" é precisamente um dos slogans que mais se houve nestes dias. O medo atinge, todavia, uma grande maioria dos trabalhadores e os setores populares e este dá asas a passividade ou as reações xenófobas e insolidárias. Mas a mobilização de 15 de maio e os acampamentos expandem como uma mancha de azeite um poderoso antídoto para o medo que ameaça com o desmoronamento dos esquemas de uma elite dirigente que está a frente de um sistema cada vez mais deslegitimado.

O movimento de 15 de maio e os acampamentos tem um importante componente geracional. Como cada vez que estoura um novo ciclo de lutas, emerge com força uma nova geração de militantes, e a "juventude" como tal adquire visibilidade e protagonismo. Se bem este componente geracional e juvenil é fundamental, e se expressa ademais em alguns dos movimentos organizados que tem tido visibilidade estes dias como "Juventude sem futuro", ha que observar que o protesto em curso não é um movimento geracional. É um movimento de crítica ao atual modelo econômico e as intenções de que a crise a paguem os trabalhadores com um peso fundamental da juventude. Precisamente o desafio é que, como em tantas ocasiões, o protesto juvenil atue como um fator desencadeante e catalizador de um ciclo de lutas sociais mais amplo.

O espírito anti-globalização de volta

O dinamismo, a espontaneidade e o impulso dos protestos atuais são mais fortes desde a emergência do movimento antiglobalização ha mais de uma década. Emergindo internacionalmente em novembro de 1999 nos protestos de Seattle durante a Cúpula da OMC (ainda que seus antecedentes remontam ao levantamento zapatista em Chiapas em 1994), a onda anti-globalização chegou rapidamente ao Estado Espanhol. A consulta pela abolição da dívida externa em março de 2000(celebrada o mesmo dia das eleições gerais e cuja realização foi proibida em várias cidades do Estado pela Junta Eleitoral) e a forte mobilização para participar na contra-cúpula de Praga em setembro de 2000 contra o Banco Mundial e o FMI foram os primeiros sinais de arranque, em particular na Catalunha. Mas sua massificação e ampliação chegariam com as mobilizações contra a cúpula do Banco Mundial em Barcelona nos dias 22 e 24 de junho de 2001, evento que logo completará dez anos. Justo dez anos depois assistimos ao nascimento de um movimento cuja energia, entusiasmo e força coletiva não havíamos visto desde então. Não será este, pois, um décimo aniversário nostálgico, ao contrário. Vamos celebrá-lo com o nascimento de um novo movimento.

As assembléias nestes dias na praça Catalunha(e, sem dúvida, em todos as "acampadas" que acontecem em todo o Estado começando pela Porta do Sol em Madri) nos têm dado momentos impagáveis, daqueles que acontecem raramente e que marcam um antes e depois nas trajetórias biográficas de quem participam nos mesmos e na dinâmica das lutas socias. O 15 de maio(15M) e as "acampadas" são autênticas "lutas fundacionais" e sintomas claros que assistimos a uma mudança de ciclo e que o vento da rebelião sopra de novo. Ao fim. Uma verdadeira "geração Tahir" emerge, como antes fez uma "geração Seattle" ou "geração Gênova"

A medida que o impulso "antiglobalizador" foi correndo o planeta, seguindo as Cúpulas oficiais em Washington, Praga, Quebéc, Goteborg, Gênova ou Barcelona, milhões de pessoas se sentiram identificadas com estes protestos e uma grande diversidade de coletivos de todo o planeta tiveram a sensação de formar parte de um mesmo movimento, do mesmo "povo", o "povo de Seattle" o de "Gênova", de compartilhar objetivos comuns e sentir-se participante de uma mesma luta.

O movimento atual se inspira também nas referências internacionais mais recentes e importantes de lutas e de vitórias. Busca situar-se na esteira de movimentos tão dispares como as revoluções no Egito e Tunísia ou a vitória na Islandia, localizando sua mbilização em um combate geral contra o capitalismo global e a elite política servil. Dentro do próprio Estado Espanhol, as manifestações do 15M e agora as "acampadas", em um exemplo simultâneo de descentralização e de coordenação, desenham uma identidade compartilhada e uma comunidade simbólica de pertencimento.

O movimento antiglobalização teve na mira, em sua fase de ascenso, as instituições internacionais, OMC, BM e FMI e as multinacionais. Depois, com o início da "guerra global contra o terrorismo" proclamada por Bush filho, a crítica a guerra e a dominação imperialista adquiriram centralidade. O movimento atual coloca no eixo da crítica a classe política, cuja cumplicidade e subserviência frente aos poderes econômicos ficou mais exposto do que nunca. "Não somos mercadorias nas mãos de políticos e banqueiros" dizia um dos slogans principais do 15M. Se enlaça assim a crítica frontal a classe política profissional e a crítica, não sempre bem articulada e coerênte, ao atual modelo econômico e aos poderes financeiros. " Capitalismo? Game Over".

Ao futuro

O futuro do movimento iniciado no 15 de maio é imprevisível. A curto prazo o primeiro desafio é seguir ampliando as "acampadas" em curso, colocá-las em marcha nas cidades onde todavia ainda não existem e conseguir que, pelo menos, continuem até o domingo 22. A ninguém escapa que as jornadas do 21, dia de reflexão, e do dia 22, dia das eleições, vão ser decisivas. Nestes dias a massificação das "acampadas" é fundamental.

É necessário também propor novas datas de mobilização, na esteira do 15M para seguir mantendo o pulso. O desafio principal é manter esta dinâmica simultânea de expansão e radicalização dos protestos que temos vivido nos últimos dias. E, no caso específico da Catalunha que se converteu já em um ponto de encontro, um poderoso ima, de muitos dos setores em lutas mais dinâmicas. Se trata de convertê-la em um ponto de encontro das resistências e das lutas, que permita estender pontes, facilitar diálogos, e propulsar com força as mobilizações futuras. Estabelecer alianças entre os protesto em curso, entre os ativistas não organizados, e o sindicalismo alternativo, o movimento vicinal, os coletivos de bairro...é o grande desafio dos prócimos dias.

" A revolução começa aqui..." gritávamos em coro ontem na Praça Catalunha. Bom, ao menos o que começa é um novo ciclo de lutas. Do que não há dúvidas é que, mais de uma década depois do ascenso do movimento antiglobalização e dois anos depois do estouro da crise, o protesto social voltou para ficar.


*
Josep Maria Antentas, professor de sociología de la Universitat Autónoma de Barcelona (UAB). Esther Vivas, Centro de Estudios sobre Movimientos Sociales (CEMS) de la Universitat Pompeu Fabra (UPF). Ambos são autores de Resistencias Globales. De Seattle a la Crisis de Wall Street (Editorial Popular, 2009) y participantes en la acampada de Plaza Catalunya

**Tradução Português: Paulo Marques

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Resistência Pacífica - Exemplo de Não-violência Ativa



Os jovens espanhóis nos dão uma aula prática de não-violência ativa,
resistência pácifica e desobediência civil contra medidas e leis injustas,
pouco tempo após toda esta repressão eles voltaram a acampar na praça
e voltaram a realizaras assembléias abertas por Democracia Real YA!

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23 maio 2011

Testemunhos da Revolução Não-violenta na Espanha



May 17 at Plaza del Sol in Madrid. People talk about freedom, democracy and the fight on the streets of Spain.


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21 maio 2011

Revolução Espanhola em Curso

Depois das revoluções africanas e árabes e das grandes greves gerais da Europa, agora é a vez da juventude espanhola, às vésperas das eleições gerais.

O que a imprensa quer chamar de "revoluções contra as ditaduras" (no caso da África e Oriente Médio), também estão fortes no centro da tal "democracia" (Europa), mas com teor anti-capitalista.
Novos ares, nova esperança para a humanidade.

"Juventud sin futuro". Este é o nome do movimento mais organizado convocando os acampamentos e falando em nome da revolução espanhola:
http://www.juventudsinfuturo.net/

Aqui ótimas fotos sobre a revolução. Muito interessante ler os cartazes!
http://www.elpais.com/fotogaleria/Protesta/Movimiento/elpgal/20110517elpepunac_3/Zes/1

E tambem uma reportagem do El Pais (traduzido pela UOL) com compilação d as reivindicações. Veja que essa lista (em negrito, lá embaixo), não foi compilada por nenhum comunista, mas pelo El Pais!

21/05/2011 -

 

Manifestantes espanhóis começam a organizar suas reivindicações

El País

Patricia Ortega Dolz e Inés Santaeulalia
Em Madri (Espanha)



    "Revolução espanhola" toma praças para pedir renovação política e econômica

A poucos metros do Congresso dos Deputados surgiu outro parlamento. Outra democracia nasce do zero no quilômetro zero e transformou a Porta do Sol em uma grande ágora. Em vez de bancadas de deputados há metros quadrados de solo; no lugar de presidente do Congresso há um moderador que estudou ciências clássicas e que na atualidade diz se dedicar à interpretação.

No lugar da mesa do Congresso há um rapaz que toma nota do que é dito e faz um resumo de cada tema antes de passar ao seguinte. Não há uma ordem do dia, mas uma folha com 24 pontos abertos a contribuições e propostas que se sucedem, bastando levantar o braço, e que são aprovadas agitando as mãos, como na linguagem dos surdos-mudos.

Existem comissões por áreas (comunicação, assembleia, infraestruturas, alimentação...), mas não em gabinetes e sim sob tendas de campanha, lonas ou sob a intempérie. Há inclusive "igrejinhas", que não estão nos corredores, mas em plena rua, em qualquer esquina. Acalorados e apaixonados enfrentamentos dialéticos surgem como setas na nova ágora da Porta do Sol. Aguçando os ouvidos, qualquer um pode se inteirar dos temas mais candentes da atualidade. Os cidadãos falam.

"Consideramos injustas a Lei de Estrangeiros, o Plano Bolonha, a Lei Sinde, a Lei Eleitoral e a de Igualdade de Gêneros", soa por um megafone que passa de mão em mão na assembleia. "É preciso acabar com o apoio estatal à Igreja", defende uma mulher de meia idade. "Os resgates devem ser dirigidos às famílias despejadas, e não aos bancos", proclama um jovem. Uma avalanche de propostas de hora e meia. "Estamos buscando um consenso mínimo que nos esclareça o que estamos defendendo", aponta o moderador.

Como em "A Autoestrada do Sul", de Cortázar, um fato extraordinário criou uma nova realidade com uma dinâmica própria. A manifestação que em 15 de maio passado reuniu milhares de pessoas indignadas com a situação sociopolítica e econômica da Espanha e o posterior acampamento no centro nevrálgico da capital, deram lugar a um micromundo que se faz e gira ao mesmo tempo, no sentido contrário ao que vinha sendo cotidiano.

A primeira coisa foi organizar-se e garantir as necessidades básicas. A segunda, agora e já, é articular um discurso que lhes permita explicar à sociedade uma queixa global e generalizada contra as carências do sistema democrático imperante. Trata-se de perfilar um protesto que foi capaz de aglutinar o amplo e heterogêneo número de pessoas que formam este movimento espontâneo. Um movimento que, além dos presentes a cada dia na Porta do Sol, congrega todo um espírito coletivo de desencanto e cansaço que vem assolando uma parte da população. O movimento 15-M se infla e desinfla, sobe e desce em função das horas do dia. Há três assembleias em cada jornada e uma concentração.

Em plena reta final da campanha eleitoral, essas pessoas vindas de todas as partes de Madri e de cidades vizinhas guardam um ás na manga. É verdade que nem elas mesmas sabem ainda qual será a jogada. Nem se jogarão espadas ou paus, mas a guardam como ouro e poderiam colocá-la sobre a mesa a qualquer momento: "O que faremos no domingo diante das urnas?" A pergunta foi lançada entre eles mesmos, mas ninguém dava uma resposta. Por enquanto, o que foi votado maciçamente no sentido favorável é a manifestação de sábado (dia da reflexão), que ontem à noite foi proibida pela Junta Eleitoral Central. Na assembleia de hoje se definirá como, quando e onde.

Todo o trabalho e as reuniões de ontem se concentraram, portanto, em criar o germe desse manifesto de mínimos. Primeiro, os temas chaves que os preocupam, depois as propostas e depois as votações. O resultado desse processo será uma espécie de programa geral que substituirá o manifesto original, que simplesmente identificava o movimento, e que tentará responder à grande pergunta dos últimos quatro dias: os indignados não querem as coisas como estão, mas o que querem?

Nas assembleias de ontem deram seu apoio a uma série de propostas que, somadas às que foram depositadas nas caixas de sugestões que tem cada comissão, formarão a base sobre a qual, depois de submetida à votação, se tentará elaborar o perseguido manifesto de mínimos. Aqui estão algumas dessas reivindicações concretas:

- Abolição de leis injustas. Suprimir e substituir normas como a Lei Sinde, o Plano Bolonha, a Lei de Estrangeiros, a Lei de Partidos ou a Lei Eleitoral. E apoiam que as leis chaves que as Cortes aprovarem sejam precedidas de um referendo.

- A Terceira República. Alguns querem um referendo para votar monarquia ou república, outros apostam diretamente em fazer desaparecer da Constituição tudo o que tenha a ver com a casa real.

- Reformas fiscais. Defendem "favorecer as rendas mais baixas", para que "os que têm mais paguem mais" e que "o IVA seja um imposto progressivo". Além disso, entre muitas outras coisas, querem que "se estabeleça a taxa Tobin para agravar a especulação e o movimento de capitais e que o obtido por esses impostos seja revertido em políticas sociais". Defende-se também "nacionalizar os bancos socorridos".

- Transporte e mobilidade. Favorecer o transporte público e alternativo ao carro, criar uma rede de ciclovias, subvencionar o abono transporte aos desempregados.

- Reforma das condições trabalhistas da classe política. Defende-se a supressão de salários vitalícios, a formação regrada, a revisão e balanço das políticas ao concluir cada mandato, listas eleitorais limpas e livres de acusados de corrupção política.

- Desvinculação total da Igreja do Estado e divisão de poderes. A religião deve ser circunscrita à intimidade, e os clérigos devem ficar longe da política.

- Democracia participativa e direta. Apostam em um funcionamento da assembleia em base cidadã (bairros, distritos...) apoiado na Internet e nas novas tecnologias. Pedem também participação nos assuntos relativos à gestão dos orçamentos pelas diversas administrações. Em geral, descentralização do poder político.

- Melhora e regularização das relações trabalhistas. Basicamente, trata-se de acabar com a precariedade salarial e o "abuso" dos subvencionados, estabelecendo um salário mínimo de 1.200 euros, com um Estado que garanta o emprego e a igualdade salarial.

- Ecologia e meio ambiente. O fechamento imediato das centrais nucleares e apoio às economias sustentáveis.

- Recuperação das empresas públicas privatizadas. O governo deve se encarregar novamente da gestão.

- Força do Estado. Redução do gasto militar, fechamento das fábricas de armas e negativa à intervenção em qualquer cenário de guerra.

- Recuperação da memória histórica. Condenação do franquismo.

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves





Em 21/05/2011 08:32, Raquel Guzzo escreveu:


Que orgulho da juventude espanhola. E a melhor notícia é que a rebelião dos jovens, desempregados, aposentados e demais trabalhadores empolga o mundo. Direto da praça da Porta do Sol, em Madrid

La mecha de Sol prende de Valencia a Tokio

Las ocupaciones, manifestaciones y caceroladas se extienden por toda España y los cinco continentes

PÚBLICO Madrid 21/05/2011 01:40 Actualizado: 21/05/2011 10:17

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'Salvar a la banca'Los acampados en la Plaza Mayor de Gijón  hicieron ayer una colecta simbólica para 'salvar a los bancos', a los  que identifican como culpables de la crisis.

"Salvar a la banca"Los acampados en la Plaza Mayor de Gijón hicieron ayer una colecta simbólica para "salvar a los bancos", a los que identifican como culpables de la crisis.E. ALONSO

Cinco días después de que centenares de indignados acamparan en el kilómetro cero de la carreteras españolas, en la madrileña Puerta del Sol, sus protestas siguen expandiéndose por todo el país. Ya son 163, según los convocantes, las localidades españolas en las que se han levantado o se van a levantar campamentos y decenas de miles las personas que expresan su "hartazgo" ante la crisis económica y el sistema político. Pero el 15-M se advierte ya como un movimiento que traspasa fronteras. Y los residentes en el exterior, esencialmente estudiantes Erasmus, se han convertido en sus principales embajadores.

PAÍS VALENCIÁ

Ocupaciones pacíficas

En Valencia, el centro de las protestas se ha instalado en la acampada de la Plaza del Ayuntamiento, rebautizada por los indignados como "Plaça del quinze de maig". Ayer por la mañana, unas doscientas personas lograron entrar a la sede central del Banco de Valencia, donde protagonizaron una sentada. Intentaron acceder también a las oficinas del Santander y del BBVA, pero las puertas estaban cerradas. En ningún caso se registraron incidentes. "Se ha insistido en que todo sea pacífico, pero si nos echan volveremos", comentaba Laïla Lakkis, de la comisión de comunicación de la acampada. Durante la tarde, un millar depersonas participaron en diversas actividades.

CATALUNYA

El ágora de Barcelona

Tahir, Islandia y Palestina. Con estos nombres han sido bautizados los tres espacios en que se ha subdividido la Plaza de Catalunya, que ayer volvió a ser el ágora de Barcelona. Centenares de personas se agolparon alrededor del economista Arcadi Oliveres, presidente de Justícia i Pau, que impartió una ponencia sobre las consecuencias de la crisis. Según los organizadores, se mantienen las acampadas de Tarragona, Lleida y Girona.

ANDALUCÍA

4.000 en Sevilla

Miles de andaluces tomaron ayer las plazas y calles para expresar su indignación ante la falta de respuesta política, económica y sindical a una crisis económica que ha frustrado sus expectativas laborales. A lo largo y ancho de la comunidad se escucharon los ya clásicos lemas "lo llaman democracia, pero no lo es" y "lo llaman botellón, es la revolución". Las concentraciones más multitudinarias tuvieron lugar en Sevilla, con más de 4.000 personas, Granada y Málaga.

EUSKADI

De Arriaga al Bulevar

Cerca de un centenar de jóvenes permanecían ayer concentrados en la plaza Arriaga de Bilbao con la intención de mantener la protesta hoy y el domingo, pese a la prohibición de la Junta Electoral Central. Vendetta Bilbao llamó a la ciudadanía a salir a la calle hoy para "desafiar la pasividad" con "banderas, carteles, pegatinas o instrumentos". En San Sebastián, la acampada es en el kiosco del bulevar.

GALICIA

Miles en el Obradoiro

Los miles de jóvenes acampados en la compostelana Praza do Obradoiro señalaron que no celebrarán "ningún tipo de manifestación en apoyo a ningún partido" durante la jornada de reflexión. Los indignados concentrados en las principales ciudades gallegas han acordado permanecer en sus lugares de protesta, al menos, hasta el domingo.

ARAGÓN

Cacerolada

Los miembros de la acampada de Zaragoza organizaron una cacerolada en la media noche de ayer, cuando comenzó la prohibición de la Junta Electoral Central. Durante la tarde, habían organizado una asamblea y otras actividades como un concierto y talleres de desobediencia civil y resistencia activa. El jueves hubo concentraciones en Jaca y Huesca y, ayer, en Teruel.

EUROPA

Bruselas, protagonista

En Bruselas, alrededor de 500 personas se reunieron frente a la embajada de España. La prensa belga ha seguido la evolución de las concentraciones y destaca tanto su base horizontal y falta de padrinazgo político como la influencia de otras protestas recientes. "La bandera egipcia ha eclipsado la estatua ecuestre del rey Carlos III", aseguró el diario Le Soir en su edición del jueves. Según su análisis, "el viento nuevo venido de Oriente sopla en España" de la mano de los jóvenes.

En Italia, a los indignados españoles les salió una nueva denominación ayer en los medios de ese país: los grillini, en referencia a los miembros del Movimiento Cinco Estrellas organizado por el cómico Beppe Grillo y que, a través de listas ciudadanas y una gran red entorno a internet, cosechó muy buenos resultados en las elecciones municipales que se celebraron en Italia la semana pasada. Lo que si acaparó portadas en las ediciones digitales fueron las manifestaciones de la #italianrevolution que celebraron estudiantes Erasmus españoles e italianos en 16 ciudades por todo el país.

En Berlín el movimiento15-M toma cada vez más fuerza. Los mismos varios centenares de personas que se congregaron el jueves al mediodía frente a la embajada española, volvieron a despegar ayer sus pancartas en el centro de la capital. La finalidad: decidir en asamblea los detalles para la manifestación convocada para la jornada de reflexión en la emblemática Puerta de Brandeburgo.

En Portugal, jóvenes españoles y portugueses pasaron la noche del jueves en las inmediaciones de la Embajada y consulado de España, en Lisboa. Toda la prensa lusa destaca las manifestaciones en España, haciendo especial hincapié en que estas se han inspirado en el movimiento Geração à Rasca de Portugal, inicialmente formado por jóvenes con futuro profesional incierto, pero al que se han unido personas de todas las edades.

Además, en otras capitales europeas como París, Ámsterdam, Budapest, Praga, Varsovia o Viena también se organizaron concentraciones antes las embajadas de España o en lugares emblemáticos de esas ciudades.

AMÉRICA LATINA

De México a Buenos Aires

Alrededor de cien españoles se concentraron el jueves en la Plaza de Mayo de Buenos Aires para apoyar el movimiento de los indignados. Para ayer estaba prevista otra manifestación, pero esta vez frente a la embajada española. Los medios argentinos siguen cada vez con más atención las protestas en España y son frecuentes las comparaciones con las movilizaciones de 2001en Argentina.

Los españoles residentes en México también se sumaron a la indignación de sus compatriotas con una acampada hoy de seis horas delante de la embajada de España. Además, denuncian el "robo" de su voto por la mala gestión de los sufragios por correo, que ha dejado a centenares de españoles sin poder votar mañana.

En Bogotá, varios centenares de personas se congregaron ante la Embajada de España en esa ciudad, en su mayoría miembros de las numerosas ONG que trabajan en Colombia y personal de instituciones como la cooperación española. Los manifestantes lucían pegatinas con el eslogan "precarios del mundo a las embajadas".

RESTO DEL MUNDO

Tres nuevos continentes

Aunque menos numerosas, también se convocaron concentraciones ayer en Marruecos e Israel. A Tokio y Sidney, la solidaridad llegará hoy.

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03 maio 2011

Posicionamento dos Humanistas sobre a Morte de Bin Laden

Profunda rejeição do terrorismo e da vingança     
                                           
Os humanistas rejeitam o terrorismo internacional, seja este de origem política, religiosa ou qualquer outra e repudiam os crimes que se cometem em qualquer parte do mundo. Esta é uma linha de conduta e uma postura mantida ao longo do tempo, impossível de abandonar sem colocar em crise a nossa identidade e a nossa doutrina de Humanismo e Não-Violência.
 
A morte de Osama Bin Laden – como a de qualquer outra pessoa – não vai alterar o perigo que os grupos fanáticos significam para a paz mundial e para a integração de todas as culturas como um meio efectivo de superar as suas aparentes causas.
 
Não estamos de acordo que Osama tenha sido assassinado em vez de feito prisioneiro para ser posteriormente julgado, num processo justo por um tribunal internacional, uma vez que cometeu delitos em diversas partes do mundo. Já para não falar da possibilidade, se ainda estivesse vivo, de se realizarem avanços na luta contra o terrorismo internacional. De facto, nada nos impede de pensar que talvez a sua morte tenha sido a melhor solução para ocultar outros poderes envolvidos que, desta maneira, continuarão a gozar de tranquilidade para cometer mais crimes de lesa-humanidade.
 
Reiteramos: a justiça não pode ser confundida com o axioma "olho por olho, dente por dente". Se realmente Osama Bin Laden foi assassinado, este caso talvez seja útil a Obama para ser reeleito presidente e todos os partidários das soluções militares poderão lavar a consciência, mas sem dúvida não será útil para conseguir uma maior justiça neste mundo.
 
Os militares dos EUA não podem falar de justiça quando parece que estamos perante um assassinato premeditado com o único objectivo da vingança. E caso estejamos na presença de um acidente durante um tiroteio, também não se trata de justiça. Em qualquer caso, trata-se de vingança.
 
Não está certamente em questão o carácter altamente violento dos actos criminosos cometidos por Osama Bin Laden. Mas por esta mesma razão a sua morte não debe ser confundida com justiça.
 
O mundo árabe está a fazer um esforço para continuar o impulso dos seus jovens e transformar uma sociedade de exclusão numa sociedade inclusiva, transformar uma situação de encerramento em abertura. Está a fazer um esforço pela construção pacífica de uma sociedade que esteja em sintonia com o mundo, a partir de uma inquietação social que clama por justiça.
 
Os humanistas têm sido vítimas do terrorismo internacional, mas não se alegram com a morte de nenhuma pessoa. É mais importante criar condições para que estes factos infelizes não se voltem a repetir. Mas esta desdita comum dá-nos força moral para nos dirigirmos a todos os povos que foram afectados pela violência insana e dizer-lhes para fazermos um novo esforço.
 
A justiça nas relações e o contacto convergente das culturas é o único caminho que os humanistas aconselham percorrer e com o qual nos comprometemos de forma militante.
 
Equipe Coordenadora Internacional, 02/05/2011

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Profundo Rechazo al terrorismo y a la Venganza
                                                                                                    
Los humanistas del mundo rechazamos al terrorismo internacional ya sea de origen político, religioso o cualquier otro, y repudiamos los crímenes que se comenten en cualquier parte del mundo.  Esta es una línea de conducta y una postura mantenida en el tiempo e imposible de abandonar sin poner en crisis nuestra identidad y nuestra doctrina de  Humanismo y No Violencia.
 
La muerte de Osama Bin Laden –como cualquier otra vida individual- no va a cambiar el peligro para la paz en el mundo que significan grupos de fanáticos,  pero recuerda la vigencia  internacional del tema y la necesidad de lograr la paz mundial y la integración de todas las culturas como un medio efectivo de superar sus causas aparentes.
 
No compartimos que Osama haya sido muerto en lugar de ser tomado prisionero para su posterior juzgamiento en un juicio justo por un tribunal internacional ya que cometió delitos en diversas partes del mundo. Por no hablar de la posibilidad, si hubiera quedado con vida, para hacer algunos avances en la lucha contra el terrorismo internacional. De hecho, nada nos impide pensar que tal vez su muerte podría ser la mejor solución para ocultar otros poderes involucrados que, de esta manera, seguirán tranquilos para cometer  más crímenes de lesa humanidad.
 
Reiteramos: La justicia no puede ser confundida con el axioma "ojo por ojo, diente por diente". Si realmente Osama Bin Laden fue asesinado, este caso tal vez sea útil a Obama para ser elegido presidente y todos los partidarios de las soluciones militares podrán rehabilitar la conciencia, pero sin duda no será útil para disponer de una mayor justicia en este mundo.
 
Los militares de EE.UU. no pueden hablar de justicia cuando parece que  estamos frente a un asesinato premeditado con el único objeto de la venganza. Y si fuera que estamos en el caso de un accidente durante un tiroteo, tampoco se trata de justicia. En cualquier caso, es la venganza.  
 
Sin duda, no está en cuestión el carácter altamente violento de los actos delictivos cometidos por Osama Bin Laden. Pero por esta misma razón su muerte no debe confundirse con la justicia.
 
El mundo árabe está haciendo un esfuerzo para seguir el impulso de sus jóvenes y cambiar una sociedad excluyente por otra inclusiva, una situación de encerramiento en apertura, una relación social de inequidad por justicia social y la construcción en paz de una sociedad que sintonice con el mundo.
 
Los humanistas hemos sido víctimas del terrorismo internacional pero no nos alegramos por la muerte de ninguna persona. Importa más crear condiciones para que estos hechos desgraciados no vuelvan a repetirse. Pero esa desdicha común nos da fuerza moral para dirigirnos a todos los pueblos que han sido tocados por la violencia insana y decirles que hagamos un nuevo esfuerzo.
 
La justicia en las relaciones y el contacto convergente de las culturas es el único camino que los humanistas aconsejamos transitar y en el que anotamos nuestro compromiso militante.

Equipo Coordinador Internacional, 02/05/2011

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